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As alterações climáticas são a explicação para um número crescente de mortes que, genericamente, têm vindo a ser descritas como causadas pelo calor. Mas a questão é um pouco mais complexa: um estudo realizado em 43 países mostra, por exemplo, que em Portugal a mudança climática mata quase 200 pessoas a cada ano, mortes estas que oficialmente são causadas pelo calor.
É o que consta de um estudo publicado pela revista Nature Climate Change, depois de cientistas terem analisado os dados de 732 cidades de mais de 40 países. Conclusão: entre 1991 e 2018, 37% das mortes causadas pelo calor podem ser atribuídas a alterações climáticas que são fruto da ação humana.
A investigação sublinha que são cerca 10.000 mortes por ano. Apesar de serem responsáveis por uma pequena parte das emissões, as populações que vivem em países com rendimentos baixos são das mais afetadas. Na América do Sul, em países como o Equador ou a Colômbia, ultrapassou os 76%. No Sudeste Asiático este valor variou entre os 48% e os 61% por cento.
Em Portugal morrem, por ano, 172 pessoas vitimas do aquecimento global - um valor que corresponde a 27% do total das mortes por calor -, segundo dados de 1991 a 2016. Os cientistas analisaram os dados de cinco distritos: Beja, Coimbra, Castelo Branco, Lisboa e Porto. Os números mostram que a incidência vai diminuindo de Norte para Sul.
Na Invicta são mais de 33%. O valor mais baixo é registado em Beja: por ano, 24,5% das mortes relacionadas com o calor podem ser atribuídas a alterações climáticas. Já em Coimbra, são pouco mais de 29%. Em Castelo Branco, o valor desce para os 27,5%, e em Lisboa fica pouco abaixo dos 25%, ou seja, 68 mortes.
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A cientista que liderou esta investigação alerta que a taxa de mortalidade por calor atribuível à ação do homem vai aumentar nos próximos anos. Ao jornal El Mundo, a epidemiologista ambiental Ana Vicedo-Cabrera acrescenta ainda que as alterações climáticas já não são apenas um problema das gerações futuras.