Na cimeira Climate Change Leadership, no Porto, Obama disse acreditar que o acordo de Paris ainda pode unir os países em torno das alterações climáticas, incluindo os EUA.
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"Muitos países reconhecem que querem seguir o acordo de Paris. Se se mantiverem assim, estou certo de que os EUA se juntam novamente" ao Acordo, sublinhou Barack Obama, fazendo notar que o problema das alterações climáticas "transcende fronteiras" e que, por isso, ninguém vai resolvê-lo sozinho.
"É preciso que os países se unam", frisou. E também é preciso que as pessoas se unam. "Nós temos as respostas. O problema é que, para implementar as soluções, temos que passar por instituições políticas, sociais e humanas. Isso significa que temos que encontrar meios para explicar à opinião pública quais as respostas mais acertadas para melhorar a sua vida, temos que dar poder aos cidadãos para pressionarem os governos".
Obama lembrou ainda que "os media também têm um papel importante" e contou que, quando saiu da Casa Branca, se apercebeu que "as pessoas estão a deixar de confiar no que veem na TV, no que leem na internet". "As pessoas mais fiáveis são os amigos e a família. Por isso, a melhor forma é falarmos com os nossos amigos, a família, os colegas de trabalho para que as pessoas fiquem mais consciencializadas sobre as alterações climáticas". "Isso vai fazer a diferença", frisou, dizendo que "não se resolve o problema a partir do topo, mas a partir das bases".
E aqui ficou também um recado para as lideranças: por muitas decisões políticas e económicas que sejam tomadas, elas não têm impacto se as pessoas não se sentirem envolvidas no processo. "As lideranças esquecem-se que o seu poder vem de baixo, vem das pessoas. A resposta é a democracia que é feita das bases para o topo".
Ao nível dos media e do consumo de notícias, o antigo presidente dos EUA chamou também a atenção para o facto das pessoas terem "milhares de sítios onde ir buscar a informação e cada vez mais procurarem a informação que confirma as suas convicções, desprezando a informação que contraria aquilo em que acreditam".
Os jovens também tiveram destaque no discurso de Obama, que disse que a faixa etária entre os 20 e os 25 anos está mais envolvida com as questões ambientais. Para além disso, considera, os jovens "são mais tolerantes, têm mais instrumentos para quebrar barreiras e trabalhar em conjunto". Por isso devem ser empoderados e ter responsabilidades. "O problema não está nesta geração, está em quem toma decisões", acredita Obama, que conta como foram os jovens a chave do sucesso da sua campanha eleitoral: "Quando ganhámos, perguntaram-nos 'oh, podem contar-nos como fizeram?' Eu disse ´não há grande segredo, confiámos nos jovens e demos-lhes responsabilidade e poder".
Na intervenção que teve cerca de uma hora, Barack Obama fez ainda uma ponte entre as alterações climáticas e as migrações das populações e aproveitou para deixar uma outra crítica a Trump: "Não há paredes nem muros suficientemente altos para travar pessoas com fome".
Obama lembra que um dos fatores que provocou o conflito na Síria foi a "seca severa que levou agricultores para as cidades", alterando "radicalmente a demografia e o poder político".