Esta tarde Angela Merkel recebe o primeiro ministro grego, Alex Tsipras, em Berlim naquele que será o primeiro "frente a frente", num clima de tensão entre os dois países.
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De um lado, a Grécia altamente endividada que quer acabar com a austeridade, do outro, a Alemanha que lidera os estados da zona euro menos disponíveis para, enquanto credores, amenizar as obrigações dos gregos.
Da agenda deste encontro, também deverá fazer parte a intenção de Atenas de obter da Alemanha reparações da ocupação durante a II guerra mundial, uma fatura que o governo grego diz que no total será de 165 mil milhões de euros.
Azeredo Lopes, professor de direito internacional publico diz à TSF que esta pretensão da Grécia tem toda a legitimidade. O professor começa por fazer um sublinhado: a pretensão grega de ser compensada pela destruição e atrocidades da ocupação não é um devaneio, uma bizarria do governo do Syriza.
A Alemanha tem à luz do direito internacional contas a saldar com os gregos, são dividas que não prescrevem. Azeredo Lopes diz a propósito que não colhe o argumento de que Berlim já pagou alguma coisa. É verdade que o fez, mas Atenas nunca declarou que dava o caso por encerrado.
O professor de direito internacional publico sublinha aliás que também na Alemanha, está a aumentar o numero dos que são sensíveis à razão dos gregos nesta matéria.
Azeredo Lopes sublinha que Berlim sabe que se ceder a Atenas, vai ter uma fila de outros credores às portas de Bradenburgo.
Azeredo Lopes diz também que a Alemanha não aceitará que as reparações pelo que aconteceu há setenta anos sejam encaradas como uma espécie de moeda de troca da atual divida grega. Se o fizesse, diz o professor, Berlim estaria a permitir que se faça uma associação entre a Alemanha nazi e a Alemanha de Angela Merkel.
Hoje ficou a saber-se através do jornal britânico Financial Times, que Tsipras escreveu em meados deste mês a Merkel para avisar que não pode honrar os compromissos no que respeita a reembolsar dívida se a União Europeia não libertar fundos a curto prazo.
O porta-voz do governo de Atenas já disse que a carta não é uma ameaça apenas alerta para a realidade, a Grécia tem quase os cofres vazios, precisa de mais de 7 mil milhões de euros e precisa também, nesse sentido, de reconquistar a confiança da Europa.