«Estou muito consciente que a nossa ação não foi perfeita». É a avaliação feita por Durão Barroso no momento em que abandona a presidência da Comissão Europeia, ao fim de 10 anos, deixando em aberto a possibilidade de regressar à política: «Ainda não tomei decisões definitivas relativamente ao que vai ser a minha atividade depois da Comissão».
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Durão Barroso reconheceu hoje falhas da União Europeia durante os 10 anos em que esteve à frente do executivo comunitário.
No entanto, na última conferência de imprensa, enquanto presidente da Comissão, o português rejeitou responsabilidades do organismo que liderou, direcionando a culpa para os Estados-membros: uns por falta de solidariedade, outros por défice de responsabilidade. Barroso entende que na verdade deixa uma Europa melhorada como herança.
O presidente cessante da Comissão Europeia deixou também em aberto um regresso à política ativa, nacional ou internacional, designadamente nas Nações Unidas, após uma pausa durante a qual se dedicará a conferências.
Na antevéspera de deixar o executivo comunitário, Durão Barroso deslocou-se hoje à sala de imprensa no final da última reunião do colégio de comissários a que presidiu (a 424.ª no conjunto dos dois mandatos, apontou), para se despedir dos correspondentes em Bruxelas, e, ao ser questionado sobre o seu futuro e, designadamente, a possibilidade de, após Bruxelas, rumar à ONU, disse que ainda não tomou «decisões finais».
«Honestamente, não tenho agora ambições neste aspeto. Ainda não tomei decisões definitivas relativamente ao que vai ser a minha atividade depois da Comissão. Uma coisa que já aceitei foi dar algumas conferências e alguns cursos em universidades, incluindo aqui na Bélgica, pelo que ainda ficarei mais algum tempo em Bruxelas, mas ainda não tomei decisões finais sobre nomeações políticas ou eleições, quer no meu país, quer nas Nações Unidas, como mencionou, por isso não posso especular agora sobre isso», declarou.
A única certeza, apontou, é que para já fará «uma pausa», após 30 anos de atividade política muito intensa, durante os quais foi secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação (1987-1992), ministro dos Negócios Estrangeiros (1992-1995), líder da oposição como presidente do PSD (1999-2002), primeiro-ministro (2002-2004) e presidente da Comissão Europeia (2004-2014).
«Após 30 anos muito envolvido em política nacional, europeia e global, os últimos 10 anos como presidente da Comissão, penso que mereço pelo menos uma pausa», afirmou.