Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia estão reunidos no Luxemburgo para discutir a crise migratória que tem dividido os Estados-membros.
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Esta reunião, na qual participa o ministro Rui Machete, ocorre em plena crise de refugiados, com a União Europeia pressionada a chegar a um acordo, face à escalada do drama de imigrantes que têm morrido "às portas" da Europa, ou já dentro das suas fronteiras, e tem lugar poucos dias antes de a Comissão Europeia apresentar propostas concretas para fazer face à situação, o que deverá suceder na próxima quarta-feira, em Estrasburgo.
A questão que mais trocas de acusações tem suscitado entre os 28 prende-se com o mecanismo de distribuição dos refugiados pelos Estados-membros, que agora Alemanha e França defendem que deve ter um sistema de quotas vinculativas, o que é do desagrado de alguns países.
Na sexta-feira, o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, apelou à distribuição de pelo menos 200.000 refugiados (enquanto os planos de Bruxelas têm apontado para um número próximo dos 120.000), defendendo também que todos os Estados-membros devem ter a obrigação de participar neste programa.
Na véspera, o Governo português, pela voz do ministro adjunto Miguel Poiares Maduro, indicou que Portugal tem disponibilidade para acolher mais refugiados do que os 1.500 que têm sido referidos, e anunciou a constituição de um grupo de coordenação a nível nacional sobre esta matéria, posição que Rui Machete deverá transmitir hoje aos seus homólogos, durante uma discussão que se prevê acesa entre os chefes de diplomacia europeus.
Da Polónia chega um aviso claro. O primeiro-ministro diz que o país não tem capacidade para receber mais de 2 mil pessoas. O chefe de governo garante que a Polónia está empenhada em ajudar, mas acrescenta que tem de ser uma solidariedade responsável.
Na Alemanha, a polícia diz que só hoje deverão chegar aopaís pelo menos 10 mil migrantes e regugiados que vêm da Hungria e da Áustria.
Já as autoridades da Hungria, após vários dias de confrontos e tensão, desistiram de fazer cumprir as regras europeias dos pedidos de asilo e disponiblizaram autocarros para levar os refugiados ate a fronteira com a Áustria.
A Hungria esclareceu, entretanto, que chegou a acordo com a Alemanha 0para aliviar as regras e deixar passar os refugiados.
Angela Merkel, numa enrevista dada esta manhã, diz que não há um limite legal para os pedidos de asilo que a Alemanha pode receber, garantindo que todos vão ser analisados de maneira justa. A chanceler sublinhou ainda a Alemanha, sendo um país forte e economicamente saudável, deve fazer o que é preciso para ajudar a resolver a crise dos migrantes.
Nesta entrevista, a dirigente alemã reafirmou, no entanto, que aqueles que não consiguirem autorização, porque não cumprem os requisitos, vão ter de regressar aos países de origem.