Cerca de 10 mil pessoas manifestaram-se hoje em Istambul para contestar e atribuir responsabilidades ao governo turco pelo duplo atentado que visou uma marcha pacífica promovida pelas forças da oposição turca, em Ancara.
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Exibindo uma grande faixa com a frase "Conhecemos os assassinos", os manifestantes apuparam o Presidente islâmico-conservador turco, Recep Tayyip Erdogan, e o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), no poder desde 2002, segundo o testemunho de um repórter fotográfico da agência noticiosa francesa AFP.
"Erdogan assassino" ou "A paz irá prevalecer", foram outras frases entoadas pelos manifestantes que desfilaram na Avenida Istiklal, uma das principais vias do lado europeu de Istambul.
Um significativo dispositivo policial acompanhou o desfile, que decorreu sem incidentes.
Manifestações similares ocorreram em outras cidades, nomeadamente em Diyarbakir, a maior cidade da região sudeste da Turquia (zona maioritariamente curda), onde foram registados confrontos entre manifestantes e a polícia, que recorreu ao uso de granadas de gás lacrimogéneo, de acordo com o relato de outro repórter fotográfico da AFP.
A agência noticiosa turca Dogan também informou sobre a realização de protestos em Izmir (oeste), Batman, Urfa e Van (sudeste).
Pelo menos 86 pessoas foram mortas e outras 186 ficaram feridas durante um duplo atentado suicida que visou militantes de partidos, sindicatos e organizações não-governamentais de esquerda, próximos da causa curda.
As duas explosões ocorreram quando os ativistas estavam a participar numa marcha pacífica junto à estação central de comboios de Ancara, com o objetivo de denunciar o início do conflito curdo.
Este atentado acontece cerca de três semanas antes das eleições legislativas antecipadas turcas (agendadas para 01 de novembro), sendo um dos mais mortíferos das últimas décadas na Turquia.
Recep Tayyip Erdogan condenou este "ataque hediondo" e o governo de Ancara decidiu decretar três dias de luto nacional.