11 semanas de acusação, 30 minutos de defesa. Defesa do El Chapo chamou apenas uma testemunha
A partir desta quarta-feira começam as alegações finais num dos mais mediáticos julgamentos do ano. El Chapo, um dos maiores narcotraficantes do mundo, líder do Cartel de Sinaloa. A acusação diz que as provas contra ele são avassaladoras. A defesa concentrou a estratégia num único trunfo.
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Ao longo de 11 semanas, a acusação norte-americana contra Joaquin Guzmán, o El Chapo, ouviu 56 testemunhas e apresentou centenas de provas entre mensagens de texto, apreensões de droga, escutas telefónicas e cartas. Tudo para provar que, entre 1989 e 2014, o cartel de Sinaloa enviou para os Estados Unidos mais de 154 toneladas de cocaína e grandes quantidades de heroína, metanfetaminas e marijuana - tudo avaliado em cerca de 12 mil milhões de euros.
Quando chegou a hora da defesa, o advogado Jeffrey Lichtman chamou apenas uma testemunha abonatória. Um agente do FBI, Paul Roberts, que em 2017 interrogou Jorge Cifuentes, um dos fornecedores do El Chapo e que testemunhou contra ele neste julgamento. O colombiano terá dito a Roberts que um oficial dos serviços de informação da marinha americana corrupto lhe mostrou, em 2010, um dispositivo USB com evidências de uma investigação contra El Chapo.
A defesa tentou assim descredibilizar o testemunho de Cifuentes, dizendo que tudo o que disse contra o mexicano se baseou no que leu dessa investigação, e que quis agradar à justiça dos Estados Unidos para conseguir um acordo. No contra interrogatório, o promotor argumentou que o oficial corrupto não era norte-americano mas colombiano.
Jorge Cifuentes era membro de um dos mais importantes carteis colombianos. Terá começado a trabalhar com o pai aos quatro anos, a transportar ilegalmente álcool e tabaco através do porto de Medellin. Conheceu e iniciou negócios com El Chapo em 2003. Foi preso na Venezuela e extraditado para os Estados Unidos em 2013, onde foi acusado de tráfico de droga e lavagem de dinheiro.
Daqui a algumas horas, a acusação vai começar a apresentar os argumentos finais. Os promotores têm defendido que as provas apresentadas contra El Chapo são avassaladoras. Mostram que ele matou adversários, torturou colaboradores, subornou centenas de pessoas e traficou toneladas de drogas para os Estados Unidos. A defesa deverá alegar que Joaquin Guzman está a ser usado pelo cartel de Sinaloa como bode expiatório. Vai ainda dizer que os três traficantes que testemunharam contra ele o fizeram para conseguirem penas de prisão menores.
Se for condenado, Joaquin Guzman pode ser sentenciado a prisão perpétua.