Pela primeira vez, são traçadas as fronteiras marítimas entre Timor-Leste e a Austrália. Um passo que, aos olhos dos timorenses, é uma vitória para o país.
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O Governo português saudou o tratado de fronteiras marítimas entre Timor-Leste e a Austrália, que é assinado esta terça-feira, em Nova Iorque, sob a supervisão da Organização das Nações Unidas (ONU).
Trata-se de um tratado histórico, uma vez que, pela primeira vez, são traçadas as fronteiras marítimas entre os dois países. O secretário-geral da ONU, António Guterres, irá estar presente na cerimónia, que acontece esta noite (com início às 22h00, na hora de Lisboa).
Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal sublinha que este acordo é o culminar de um longo processo de conciliação.
Já a ministra-sombra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Penny Wong, considera que o tratado põe fim a mais de 40 anos de incerteza sobre um assunto que afetou seriamente as relações entre Camberra e Dili.
Do lado timorense, Juvenal Dias, membro da organização não-governamental Hamutuk, considera que se trata de uma vitória para Timor-Leste.
"É a primeira vez que a Austrália reconhece a soberania total de Timor-Leste", disse à TSF o timorense.
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"Durante muitas décadas, desde a ocupação indonésia e até há pouco tempo, a Austrália beneficiou muito com o mar de Timor. Somos contra essa ocupação australiana e pensamos que o dinheiro que nos foi roubado [aos timorenses] deveria ser restituído", afirmou.
Juvenal Dias lembra que, antes deste acordo, a indefinição quanto à fronteira marítima custou 5 mil milhões de dólares a Timor, por causa da exploração de petróleo na região.
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O tratado vai ser assinado pelo ministro-adjunto do chefe do governo timorense, Agio Pereira, e pela ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Julie Bishop.