O fotógrafo João Pina percorreu o Rio de Janeiro ao longo de vários anos para retratar uma cidade em mutação, marcada pela violência, clivagens sociais e um quotidiano imprevisível.
Corpo do artigo
Enquanto o Rio de Janeiro se preparava para o Mundial de futebol de 2014 e os jogos olímpicos de 2016, esperava-se que uma imensa transformação na dita "cidade maravilhosa".
Os anos da grande transformação foram, também, anos negros. Entre 2007 e 2016 houve 46750 homicídios na região metropolitana do Rio. "46750" é também o nome do novo livro do fotojornalista João Pina.
Mostra as vidas de Fernando, um traficante que vive encafuado numa casa de tijolo húmido na favela, rodeado por guarda-costas; André, o bombeiro que sai de mota todas as madrugadas para recolher os corpos; Ana Paula, que continua a entrar no quarto do filho, na esperança de voltar a vê-lo, recordando como ele era bonito quando a polícia o matou à porta de casa, ao confundi-lo com um traficante; Leslie, o repórter que sai de madrugada, despedindo-se das filhas, já com o colete à prova de bala vestido, para cobrir a próxima operação da polícia.