O presidente da Associação Portugal-Hungria para a Cooperação reconhece que a crise dos refugiados e as posições assumidas pelo governo de Budapeste têm marcado a imagem do país.
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Em entrevista à TSF, Miguel de Pape defende que a Hungria deve manter-se em sintonia com o projeto europeu. "É um país que está no meio da Europa e que tem mil anos de história a defender o seu território de invasões e vive este momento em reflexo dessa sua história" afirma.
O presidente da Associação Portugal-Hungria para a Cooperação lembra o passado para enquadrar o presente e o posicionamento da Hungria na crise dos refugiados. "É um problema complexo e, para nós, é sobretudo um problema social", afirma Miguel de Pape, que rejeita comentar decisões políticas tomadas pelo governo de Budapeste.
Nos 60 anos da "Revolução Húngara", o futuro do país passa deve ser equacionado em sintonia com o projeto europeu: "entendemos que a Hungria tem de fazer o caminho com o resto da Europa e dentro da comunidade que é um valor importante que temos no mundo ocidental", considera Miguel de Pape.
Os 60 anos da "Revolução Húngara" vão ser assinalados com várias iniciativas. Em comunicado, a Embaixada da Hungria destaca que, em Lisboa, a par de outras capitais europeias, vão ter lugar vários eventos de comemoração que começam no domingo às 17h00 com a missa solene no Mosteiro dos Jerónimos, presidida pelo Cardeal Patriarca de Lisboa e com a presença de individualidades dos dois países.
Na terça-feira, a partir das 09h00, na Universidade Católica de Lisboa, a Embaixada da Hungria em Portugal organiza a conferência "Revolução Húngara 1956 revisitada", que vai receber várias personalidades húngaras, entre historiadores e ex-ministros, adianta na mesma nota.
A "Revolução Húngara" é atualmente vista como precursora da Primavera de Praga, do sindicato Solidariedade polaco e do desmoronamento do bloco soviético em 1989, contextualiza a Embaixada da Hungria, recordando que, a 23 de outubro de 1956, estudantes organizaram uma manifestação pacífica contra as políticas da União Soviética, com o objetivo de aprovar um caderno de 15 reivindicações, entre elas o regresso ao poder do comunista reformador Imre Nagy.
Proibida e depois autorizada, a concentração acabou por juntar - incluindo operários e soldados - 200 mil pessoas. Um dia depois do início da revolta, o movimento alastrou-se a todo o país, a greve geral generalizou-se e formaram-se conselhos revolucionários por todo o lado, que rapidamente se armaram e tomaram o poder. Os tanques russos reentraram em Budapeste a 4 de novembro para voltar a tomar o poder.
"A repressão é brutal: 20 mil húngaros são mortos, mais de 200 mil pessoas fogem do país e pedem asilo em outros países, segundo a Embaixada da Hungria. Uma semana depois, o regime soviético volta a ter o controlo do país instalando uma 'paz silenciosa'", refere a nota da Embaixada da Hungria em Portugal.