Pela primeira vez desde a guerra, um líder norte-coreano vai passar a fronteira e entrar no Sul. Em cima da mesa, o fim do estado de guerra entre Coreias.
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Seul já anunciou que quer discutir um acordo de paz que possa substituir o armistício assinado há 65 anos. Tecnicamente, os dois países continuam em guerra e o presidente Moon Jae-in considera que este será um bom passo em direção a um novo relacionamento.
Pyongyang tem-se, no entanto, recusado a discutir este assunto diretamente com Seul a alegar que a Coreia do Sul não assinou o armistício.
Na verdade, o documento foi assinado pelos exércitos norte-coreano e chinês e por oficiais militares representando os Estados Unidos e as Nações Unidas. O presidente sul-coreano, na altura Rhee Syngman, não deixou o comandante militar assinar porque não concordava com as tréguas.
Nesta cimeira, se Kim Jong-Un reconhecer a legitimidade do Sul para negociar a paz, será um sinal importante da sinceridade do Norte.
Das intenções do líder norte-coreano pouco se conhece. Sabe-se que desistiu da exigência de os militares americanos abandonarem a península e que está disposto a negociar o programa nuclear, mas não até que ponto.
Apesar de Donald Trump e Moon Jae-in insistirem na necessidade de uma desnuclearização, o líder norte-coreano nunca proferiu essa palavra.
No passado, quando a diplomacia funcionou nesse sentido foi porque foram feitas promessas credíveis à Coreia do Norte de que a comunidade internacional ia ajudar a economia do país. Mas Pyongyang acabou por voltar sempre com a palavra atrás.
Fora desta cimeira está qualquer referência à situação dos direitos humanos na Coreia do Norte. Cerca de 200 organizações não-governamentais de todo o mundo escreveram uma carta ao presidente sul-coreano pedindo-lhe que não se esqueça dos direitos humanos e das famílias separadas, mas o ministério da unificação respondeu que a agenda está preenchida.
Os dois líderes vão falar de desnuclearização, de um processo de paz e da forma como melhorar as relações entre o Norte e o Sul.
A cimeira realiza-se no dia 27 de abril, na cidade de Panmunjom, na Coreia do Sul.