Portaria em causa parece encaixar no caso do jornalista do site The Intercept que tem revelado reportagens sobre supostas ilegalidades de Moro.
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A portaria 666 do Ministério da Justiça está a levantar uma onda de protestos e indignação no Brasil.
Nela, o titular da pasta, o ex-juiz Sergio Moro, dá poderes às autoridades da emigração, que ele próprio tutela, de deportar cidadãos estrangeiros suspeitos de atividades perigosas para a Constituição Brasileira.
Moro diz ainda que a deportação pode ser feita com base em investigações em curso.
Ora a portaria, publicada oficialmente na noite de quinta-feira, parece encaixar, como uma luva, em Glenn Greenwald, o jornalista americano residente no Brasil, fundador do site The Intercept, que vem revelando reportagens sobre supostas ilegalidades de Moro ainda na condução da Operação Lava Jato, nomeadamente, no processo que levou à prisão de Lula da Silva.
O próprio Greenwald manifestou-se via Twitter escrevendo que, como se sabe, o jornal que ele fundou vem publicando notícias devastadores sobre a forma corrupta como Moro conduziu a Lava Jato. Agora, sublinha o jornalista americano, ele publicou uma portaria que permite a deportação de estrangeiros.
A portaria surge ainda no contexto da prisão de quatro hackers suspeitos de piratearem os telefones de cerca de 1000 autoridades, entre os quais, Moro. A polícia, entretanto, não relaciona esses hackers, um deles militante do partido com mais ministros no governo Bolsonaro, com as reportagens do The Intercept.
Há minutos, o Partido dos Trabalhadores, de Lula da Silva, exigiu a demissão do ministro. Outros juízes, a OAB, a ordem dos advogados, e delegados da polícia federal também tem levantado fortes críticas à atuação de Moro.