À beira da guerra? Na Venezuela vive-se um ambiente natalício e ruas estão calmas
Repórter Bruno Amaral de Carvalho, em Caracas, na Venezuela, em serviço especial para a TSF
As ruas Caracas estão estranhamente calmas. Poderia ser um retrato de qualquer cidade em ambiente natalício, com luzes de Natal em muitos edifícios, famílias a passearem nos parques e com festas a ocorrerem esplanadas. É um país caribenho e também conhecido pela alegria, mas não deixa de ser uma imagem estranha de um país que está à beira da guerra.
Para chegar a Caracas precisei de apanhar um avião através de Havana (Cuba). Neste momento, o único ponto aéreo que liga a Venezuela ao mundo é precisamente a capital de Cuba. Lá pude conversar com alguns passageiros venezuelanos que estavam no exterior. Um deles, imigrante que trabalha em Taiwan, estava bastante indignado. Dizia-me que independentemente de se poder gostar ou não de Nicolás Maduro, a verdade é que esta decisão de bloquear as vias marítimas e a pressão que tem sido feita sobre as companhias aéreas está a afetar sobretudo a população civil, os imigrantes e os turistas.
É tudo gente desesperada como um dos com quem falei que esteve em Hamburgo durante dias na Alemanha. Acabou por viajar para Paris (França). Tentou comprar vários voos que foram cancelados e depois, já desesperado, conseguiu finalmente rumar até Havana para regressar a casa. É uma situação em que há uma calma tensa.
Esta terça-feira, em conferência de imprensa, Nicolás Maduro anunciou uma reforma constitucional para o próximo ano e também uma mudança das leis eleitorais, sem avançar com grandes detalhes, mas que mostra também uma reação por parte do Governo.
A oposição, por sua vez, vê aqui uma oportunidade.
