Os países que outrora se uniram para assinar um acordo histórico estão novamente divididos pelo ultimato do Irão.
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A Rússia defende que o Irão foi provocado pelos EUA a quebrar os compromissos firmados no pacto ñuclear de 2015, o chamado Plano Integral de Ação Conjunta.
"O presidente Putin falou repetidamente das consequências de medidas irrefletidas a propósito do Irão, concretamente a decisão de Washington. Agora estamos a ver essas consequências começar a acontecer", disse o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov em conferência de imprensa.
Questionado se a Rússia tenciona impor novas sanções contra o Irão, o responsável disse apenas que o caso ainda está a ser analisado. "A situação é séria."
Por sua vez, o Governo chinês defendeu uma "rigorosa" implementação do acordo nuclear do Irão, mas condenou as sanções "unilaterais" dos Estados Unidos, já que Teerão "cumpriu com as suas obrigações" nos termos do acordo.
"Rejeitamos as ações dos EUA, que levaram a uma escalada da tensão", no Médio Oriente, afirmou Geng Shuang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.
O ministro da Defesa de França, Florence Parly, manifestou o desejo do país, e também do Reino Unido e da Alemanha, em manter o pacto de 2015 vivo e avisou que a imposição de sanções ao Irão está em cima da mesa.
O Presidente do Irão deu 60 dias às potências mundiais para se negociar um novo acordo nuclear, caso contrário vai retomar o enriquecimento do urânio. Hassan Rouhani afirmou que o país vai deixar de limitar as suas reservas de urânio e água pesada, uma decisão que contraria o acordo nuclear de 2015.
O anúncio foi feito num discurso à nação esta quarta-feira, um ano após a decisão de Donald Trump de retirar os Estados Unidos do acordo nuclear e depois de, na passada sexta-feira, ter anunciado a imposição de mais sanções contra Teerão.
Os EUA ainda não reagiram ao ultimado de Hassan Rouhani, mas ainda esta semana justificaram envio de um porta-aviões e uma esquadra de bombardeiros para o Médio Oriente afirmando que existe "uma ameaça credível".
"Apelamos ao regime iraniano para que pare com todas as provocações. Responsabilizá-lo-emos por qualquer ataque contra as forças ou interesses americanos", escreveu esta segunda-feira Patrick Shanahan numa numa publicação no Twitter.
Também o conselheiro para a Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, disse no domingo que o reforço do equipamento militar no Médio Oriente tem como objetivo enviar uma "mensagem clara e inequívoca ao regime iraniano" de que "qualquer ataque aos interesses dos Estados Unidos ou dos seus aliados irá defrontar uma força implacável", acrescentou.
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