A organização basca declarou cessar-fogo há cinco anos. Albino Pires é emigrante, em San Sebastián, Espanha. Sofreu na pele um atentado da ETA. Agora diz que vive em "normalidade democrática".
Corpo do artigo
Tinha 35 anos. O calendário marcava dia 23 de julho de 1996. A vida de Albino Pires mudou. Quando entrou no seu automóvel para ir para o emprego - era chefe de cozinha num hospital, em San Sebastián - uma bomba rebentou no seu carro.
As sequelas, para além da impossibilidade de trabalhar, duram uma vida, mas não impedem que ignore os passos de um cessar-fogo anunciado há cinco anos.
A 20 de outubro de 2011, a ETA declarou "um cessar-fogo geral, permanente e verificável internacionalmente".
Desde então não se registou qualquer atentado. A garantia é cumprida. Albino Pires, em declarações à TSF, diz que "estamos a regressar à normalidade democrática".
Há novas rotinas e menos receio na sociedade em geral? Para o emigrante português, "já não há medo da ETA. Sabemos que ainda têm armas e podem voltar a a atacar, mas estamos tranquilos". Durante os últimos cinco anos, a organização basca deixou, também, de ser o centro das atenções. Albino Pires explica que "quem tem 40, 50 ou 60 anos fala sobre a ETA, mas os mais jovens não... só estudam um pouco sobre o que se passou". E acrescenta "a ETA já não é o centro de tudo. Agora fala-se de desemprego, política, economia, etc... Dantes absorvia tudo".
Nos comportamentos do dia-a-dia, as mudanças não são significativas no País Basco. A exceção é para os polícias e políticos que passaram a ter paz. "Deixaram de ter escolta e de olhar para os carros. Para os restantes cidadãos, nada mudou".
No resto do país, é muito diferente. "Antes havia atentados por todos os país... toda a gente tinha medo, agora não há tanto medo. Respira-se de alívio".
Albino Pires pertence a uma associação de vítimas do terrorismo. Reconhece que "agora apostamos mais na formação em escolas e universidades. Contamos o que aconteceu".
Na opinião de Albino Pires, o cessar-fogo é, sem dúvida, "um caminho sem retorno".