As "caixas negras", que registam todos os dados de um voo, incluindo os diálogos na cabine de comando, contêm informações cruciais e linhas de investigação para determinar as causas de um acidente aéreo.
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As "caixas negras" permitem explicar cerca de 90% dos acidentes aéreos. Estes gravadores, introduzidos na aviação a partir da década de 1960, encontram-se no interior de caixas metálicas reforçadas, concebidas para resistir a choques extremamente violentos, fogo intenso e longa imersão em águas profundas.
23 meses depois de estarem imersas a 3.900 metros de profundidade no oceano Atlântico, os dados contidos nas "caixas negras" do voo Air France AF447, entre o Rio de Janeiro e Paris, foram completamente recuperados, o que permitiu conhecer o mistério do acidente de 1 de junho de 2009.
Cada uma das caixas pesa entre sete e dez quilogramas e, ao contrário do que o nome indica, são de cor laranja com bandas brancas refletoras, para que sejam mais visíveis. Os dados são protegidos por uma cinta blindada, que resiste imersa a profundidades de até seis mil metros ou exposta a temperaturas elevadas, uma hora a 1.100 graus Celsius.
O nome de "caixa negra" ficou a dever-se à película fotográfica protegida por uma cinta negra, usada nos primeiros gravadores de voo.
De acordo com as normas em vigor, um avião comercial possui duas "caixas negras", uma FDR (gravador de dados) e uma CVR (gravador de voz da cabine de comando).
O gravador FDR regista, a cada segundo, todos os parâmetros técnicos ao longo de 25 horas de voo, como a velocidade, a altitude, a trajetória, entre outros. O CVR guarda os diálogos trocados na cabine de comando, mas também os sons e anúncios ouvidos no local. Uma análise aprofundada permite conhecer o regime dos motores.
Em caso de imersão, as "caixas negras" têm um alarme que emite um sinal de ultrassom, todos os segundos, durante pelo menos 30 dias consecutivos, com um alcance de deteção médio de dois quilómetros.
Novas "caixas negras", ejetáveis e flutuantes, vão equipar brevemente os Airbus A350 e A380, o que permitirá localizar com mais facilidade os aviões que se despenhem no mar.