Vladimir Netto esteve quase ano e meio a recolher material para escrever o livro de não-ficção que mais vendeu no Brasil em 2016, sobre a operação Lava Jato, e que é a base da série "O Mecanismo".
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O jornalista brasileiro Vladimir Netto, que está em Portugal, é o autor do livro "Lava Jato" que a Netflix transformou em série. É dirigida por José Padilha, o realizador de Tropa de Elite, e inspirou-se no trabalho de investigação jornalística de Netto. Inspirar-se é o termo certo, já que a narrativa de "O Mecanismo" vai muito além do que está no livro. Isso mesmo é sublinhado pelo jornalista, em entrevista à TSF.
O jornalista não considera que o processo Lava Jato tem tido um alvo e um propósito claro - o de destruir politicamente o Partido dos Trabalhadores e Lula da Silva.
Por outro lado, Netto também não crê que o juiz Sérgio Moro (o magistrado que conduziu e continua a conduzir o processo) tenha ambições e que esteja, para isso, a caminhar em direção aos palco da política.
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Na conversa com a TSF, Vladimir Netto começa por sublinhar que já antes tinha acompanhado processos de corrupção, mas nenhum com a dimensão do Lava Jato, considerando que a maior operação de investigação da história do Brasil passou muito pela "preparação e oportunidade, mas também, e muito, pela sorte".
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Livro passou a série
A operação Lava Jato transformou-se em livro, pelo olhar jornalístico de Netto, e agora surgiu a série, pelas ideias de José Padilha. Mas o jornalista destaca a diferenças.
"Eu sabia que ia ser assim. Quando li o roteiro disse: 'Há aqui muita coisa que está diferente.' Mas quando eu assisti à série eu gostei, cara. O espírito está ali. O que é Lava Jato? É a maior investigação de corrupção, que descobriu um esquema de corrupção muito grande instalado na maior empresa brasileira, com a participação das maiores empresas privadas de construção do Brasil, que acabou crescendo e atingindo vários partidos. Isso está lá", refere à TSF.
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"Há mudanças de coisas. Há coisas que até são questionáveis, mas acho que a polémica é natural", salienta igualmente Vladimir Netto.
O jornalista revela ainda, na mesma entrevista, que já está a escrever o segundo livro. São 135 horas de entrevistas, sem contar com mensagens de texto, encontros informais, telefonemas e milhares de documentos lidos: "Para o segundo é a mesma toada, já entrevistei mais gente ainda..."
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O jornalista acompanhou a operação para a TV Globo, sendo que esteve 17 meses a recolher material. Portugal é o primeiro país estrangeiro onde o livro vai ser lançado.
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