O relatório da organização não-governamental Freedom House conclui que a Liberdade no mundo atingiu o nível mais baixo em mais de uma década.
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Os direitos políticos e as liberdades civis recuaram em todo o mundo e atingiram o pior nível em mais de 12 anos. A organização não-governamental Freedom House analisou 195 países em todo o mundo e em 71 deles detetou um "claro declínio". Só 35 países apresentaram avanços.
Em termos globais, 49 países foram classificados como "não livres". Com o índice mais baixo está a Síria, seguida do Sudão do Sul, Eritreia e Coreia do Norte.
A Freedom House realça que a crise da democracia é global e 2017 foi um ano marcante.
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O relatório destaca a ascensão de líderes populistas na Europa, que ganharam terreno em países como França, Holanda, Alemanha e Áustria.
Também a Turquia regista um grave declínio no índice da Freedom House depois do reforça do poder de Erdogan na sequência da tentativa falhada de golpe de estado em 2016.
Passa da lista dos "países parcialmente livres" para a lista dos "países não livres". A organização assinala as "consequências extremas para os cidadãos turcos".
E depois, a subida de Trump ao poder. Se é um facto que a democracia está a recuar em todo o mundo, os Estados Unidos surgem como acelerador desta crise.
A intervenção russa nas eleições de 2016, a violação de princípios básicos no país, os ataques sem precedentes à imprensa e à justiça e o recuo dos Estados Unidos como defensor e exemplo de democracia no mundo são fatores determinantes.
O estudo salienta ainda os casos da China e a Rússia, que aproveitaram o recuo dos valores democráticos para reforçar a repressão interna e influenciar negativamente outros países.
Perante esta realidade, o diretor da organização defende que o mais preocupante é a perda fé e de interesse das gerações mais novas no projeto democrático. "A própria ideia da democracia tem sido manchada por muitos, o que está a contribuir para uma apatia perigosa", considera Michael J. Abramowitz.
Guiné-Bissau recua, Timor ganha pontos e Angola com atenção reforçada
A Guiné-Bissau é um dos 29 países na lista dos que registaram um "dramático declínio de liberdade" na última década. Aparece lado a lado com a Eritreia, o Quénia ou a Síria no que se refere aos estados que tiveram um grande recuo no índice de Liberdade.
A nível de classificação, a Guiné-Bissau integra a lista dos "países parcialmente livres".
No relatório da organização não-governamental Freedom House, destaque também para Angola. É um dos países a merecer atenção este ano por estar a viver uma viragem política.
A Freedom House realça a eleição de João Lourenço, que começou a desmantelar a estrutura do poder da família do antecessor, José Eduardo dos Santos, mas apresenta reticências. A organização considera que "não é ainda claro se Lourenço vai combater a corrupção de forma abrangente ou simplesmente consolidar o seu próprio controlo sobre os círculos do poder e a riqueza pública".
Angola continua na lista dos "países não livres".
No relatório, nota positiva para Timor-Leste que chega agora à lista de "países livres". A Freedom House considera que as eleições justas e transparentes ajudaram a consolidar a democracia no país, com novos partidos a chegar ao parlamento.