Uso errado de moderno sistema de identificação facial fez a polícia do Rio passar de muito competente a atrapalhada em 24 horas.
Corpo do artigo
Graças ao moderno método de identificação facial, uma foragida do sistema judicial do Rio de Janeiro foi encontrada e detida no bairro de Copacabana, na zona sul da cidade, na quarta-feira, dia 3. Em causa, um mandado de prisão preventiva de 2012.
Ela passeava no calçadão quando foi abordada por polícias e levada à delegacia mais próxima, o 19º batalhão da polícia militar, para espanto dela e dos outros transeuntes.
Lá, foi feita uma consulta ao sistema SIC Web, onde foi confirmado que o mandado de captura estava em aberto. A mulher, de nome Josiete, passou então uma noite na prisão onde aguardou ser transferida para um centro de detenção.
A imprensa aplaudiu a detenção e a qualidade do moderno sistema de identificação facial. O público em geral também se impressionou. Os agentes de segurança não conseguiram disfarçar o sorriso orgulhoso. As autoridades acotovelaram-se para reclamar os ganhos políticos do caso.
Durou pouco.
Josiete, de facto, foi acusada de furto de cartões de crédito de turistas mas cumpriu uma pena de dois meses de prisão antes dos tribunais a transformarem em medidas cautelares como pagamento de multa e prestação de serviços comunitários – desde dezembro, ela já não deve nada à justiça.
“Muitos mandados ficam constando nos bancos de dados mesmo depois de isso não ser mais devido. O banco de dados não é 100% confiável”, acusou Isabel Schprejer, a advogada de Josiete.
Segundo o tribunal de justiça, de facto, os polícias que efetuaram a detenção consultaram um banco de dados desatualizado.
Os políticos, afinal, nem chegaram a pronunciar-se. O sorriso dos agentes tornou-se de embaraço. E a imprensa e o público encolheram os ombros a pensarem que no Rio a bagunça continua.
