João Pedrosa decidiu ficar na cidade chinesa que foi o epicentro do novo coronavírus. Agora, escreve no site da TSF sobre o estranho dia a dia em Wuhan.
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Hoje, sexta-feira 13 de março tinha planeado escrever acerca do recente anúncio que autoriza as empresas de Wuhan e da província de Hubei a retomar as atividades, a partir do próximo dia 21. Mas algumas notícias e imagens do que está a acontecer na outra extremidade deste largo continente Euro-Asiático decidiu-me adiar o tema para uma próxima data.
Aqui em Wuhan, quando no dia 23 de janeiro último foi decretada a medida draconiana de isolar toda a cidade e suspender todos os transportes públicos que a servem, fui ao "meu" supermercado para me abastecer para os dias feriados do novo ano chinês que se avizinhava.
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Constatei que havia muitas mais pessoas nas compras do que que era usual ver, mas de uma forma geral as prateleiras encontravam-se bem abastecidas. À hora que fui, final da manhã, era notória a falha de verduras e legumes. "Talvez se devesse a algum açambarcamento", pensei eu. Mas estava enganado - mais tarde vim a saber que aquele tipo de produtos desaparece sempre rapidamente nas épocas de ano novo, pois a tradição exige a sua presença nos banquetes festivos.
Agora que se inicia a oitava semana de quarentena, comida e outros suprimentos continuam a chegar, sempre que necessário, à minha porta e às portas dos meus vizinhos.
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Nesse dia de janeiro também foi solicitado à população para se manter em casa e ir à rua só para o mínimo indispensável. E como num grande golpe de magia, as pessoas desapareceram. As ruas, os passeios, os jardins e os parques infantis de Wuhan ficaram desertos e assim continuam até agora.
Acreditem, e falo por experiência própria, é muito mais fácil ficar uns "diazitos" em casa do que passar algumas semanas deitado numa cama de hospital. Aproveitem os "diazitos" para desfrutar da família.
Tenham paciência. Mas se não o conseguirem, finjam que a têm e vão ver que a coisa se resolve.
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Protejam-se!
Mantenham-se seguros e saudáveis!
Eu, apesar do caricato que vi daí, vou manter na minha varanda a única bandeira de Portugal a esvoaçar nos céus de Wuhan.
João Pedrosa em Wuhan (13 de março de 2020)
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