
Emmanuel Macron
REUTERS/Aaron Bernstein
Emmanuel Macron está esta sexta-feira em Portugal, numa altura em que o Parlamento francês continua paralisado há vários dias. O caso Benalla está a tornar-se num assunto de Estado em França. Em causa um agente de segurança do Eliseu filmado a espancar manifestantes em Paris.
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O chefe de Estado francês enfrentar a maior crise desde que chegou ao Eliseu, há 14 meses, mas prossegue com a agenda prevista. Emmanuel Macron é recebido esta sexta-feira pelo primeiro-ministro português, António Costa, e participa na segunda cimeira sobre as interligações energéticas.
O caso mediático tem vindo a dominar a atualidade política francesa nos últimos dez dias. No centro das atenções está Alexandre Benalla, um dos mais importantes elementos da segurança próximos do Presidente francês, que se encontra sob custódia policial por "violência, usurpação de funções e posse ilegal de insígnias".
Alexandre Benalla, 25 anos, era conselheiro de Emmanuel Macron e foi despedido na semana passada das suas funções como responsável adjunto pela segurança do Presidente.
Desde segunda-feira, responsáveis políticos franceses são interrogados, dia após dia, sobre o que aconteceu com este colaborador do Presidente, perante a Comissão das leis da Assembleia Nacional.
A visita oficial de Emmanuel Macron a Espanha e Portugal é vista, nessa altura, como uma estratégica para desviar atenções do círculo de notícias dominado pelo caso Benalla, aponta o doutorando português na Faculdade de Ciências Políticas Sciences Po de Paris, Tiago Ramalho. "Esta tentativa de correr para a frente e de tentar nāo interromper a agenda acaba por ser uma oportunidade para mudar o círculo das notícias, de aparecer noutros contextos. De certa forma para assumir o papel de que gosta particularmente e mostrar que é o grande diplomata como um grande homem de Estado que vai a outros países e faz boa figura", explica.
O vídeo, divulgado na semana passada, que despertou este caso data do 1 de maio, mas só agora foi tornado público e alvo de investigação por parte do Ministério Público. "Qual foi a reaçāo de Macron e do governo logo a seguir às manifestações do 1 de Maio? 'Isto é um bando de malandros, andam a partir tudo, esta gente é pouco recomendável'. Declarações feitas por um Presidente que sempre se apresentou como exemplar. No dia a seguir, ele sabe que uma das pessoas que o protege diariamente é na verdade um verdadeiro malandro, isto cria um embaraço", justificou o especialista.
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Em entrevista ao jornal Le Monde, Alexandre Benalla admitiu esta quinta-feira que "cometeu uma falha", mas denuncia que havia "vontade de atingir" do Presidente francês Emmanuel Macron.
Alexandre Benalla foi inicialmente suspenso durante 15 dias, uma sanção insuficiente para o investigador da Sciences Po, que acredita que "qualquer pessoa com bom senso nāo vê a suspensão como um castigo suficiente. Este senhor deveria ter sido removido das suas funções imediatamente. Além de removido deveria ter sido remetido para a justiça diretamente".
O chefe de Estado francês reagiu perante os deputados do seu partido "La République en Marche" e afirmou que o único responsável foi ele.
Qual é conclusão que o executivo francês pode tirar destes erros? "Já deveria ter sido evidente, na altura, que isto era um erro, mas entretanto as coisas avançaram e só quando os jornalistas expõem isto é que, de repente, A República exemplar se apercebe que esta a cometer um erro", conclui Tiago Ramalho.