Josep Borrell avisa que Vladimir Putin se prepara para uma “guerra longa” e apela à mobilização imediata de apoio para a Ucrânia
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O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, apelou esta segunda-feira aos 27 para mobilizarem desde já mais ajuda para a Ucrânia, para que possa ser entregue “antes do verão”.
Borrell justifica que a Rússia está a preparar-se para uma “guerra longa”, como é exemplo o périplo de Vladimir Putin por vários países asiáticos. À margem da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros, que decorre no Luxemburgo, Borrell diz esperar que os 27 estejam disponíveis para reforçar o apoio “agora”.
“A Ucrânia precisa de mais ajuda e precisa de mais ajuda agora, antes do verão”, defendeu o chefe da diplomacia europeia, esperando “que os ministros apoiem a proposta que temos em curso para aumentar este apoio utilizando as receitas russas”.
Borrell referia-se à Hungria, que tem utilizado o seu poder de veto para bloquear um conjunto de decisões, levando a vários apelos para a reforma do processo de decisão da UE, através da introdução de mais áreas de decisão por maioria qualificada, em vez de unanimidade.
Atualmente, há seis decisões legais na UE que não podem ser implementadas devido ao veto da Hungria, nomeadamente sanções e pacotes de ajuda financeira. Um dos exemplos é a proibição em toda a UE das importações de petróleo russo e sanções a indivíduos russos específicos, como o chefe da Igreja Ortodoxa Russa.
Josep Borrell acredita que o presidente russo, Vladimir Putin, se prepara para prolongar a guerra, e é por essa razão que pede empenho aos Estados-Membros da União Europeia para reforçarem o apoio a Kiev.
“Depois da cimeira na Suíça, onde uma via diplomática foi aberta, a resposta de Putin, ao viajar para a Coreia do Norte, ao viajar para onde quer que possa conseguir armas, está claramente a preparar-se para uma guerra longa”, afirmou o chefe da diplomacia, referindo que do lado europeu “a via diplomática tem de continuar a funcionar”, ao mesmo tempo em que se garante o “aumento do apoio à Ucrânia”.
Na reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros, o representante do governo lituano, Gabrielius Landsbergis, alertou que a ação da Rússia vai para lá das fronteiras da Ucrânia, visando os próprios membros da NATO.
“A Rússia está a escalar [a guerra], não apenas na Ucrânia, mas também nos países abrangidos pelo artigo quinto [do tratado da NATO]”, alertou o ministro, fazendo referência “a amplas evidências de que as agências secretas russas estão por trás de atividades na Europa e nos países da NATO”.
“Temos de ser muito claros sobre o que vamos fazer a respeito disso”, apelou Landsbergis, em declarações à margem da reunião no Luxemburgo, na qual os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia deram o aval ao 14º pacote de sanções contra a Rússia, que pretende limitar a capacidade de Moscovo para exportar GNL para a Europa.