A TSF falou com dois portugueses em Barcelona.
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Todos os dias, Nicolas Garin, um português que vive em Barcelona, desloca-se para o trabalho de bicicleta. Esta manhã, ao sair de casa, encontrou uma cidade com marcas visíveis de uma noite violenta, depois de uma madrugada em que 12 carros foram incendiados, 20 pessoas foram detidas e 52 ficaram feridas.
"Aquelas fogueiras todas que existiam nas ruas, basicamente, foi tudo vedado. E a cidade estava muito mais pacífica do que no decorrer da noite passada. Eu costumo vir trabalhar de bicicleta, porque os meios de transporte aqui em Barcelona são bastante longe, inclusive o próprio Governo disponibiliza bicicletas para as pessoas que residem aqui. A única diferença é que não tinha bicicletas, porque havia muitos pontos onde essas bicicletas estão estacionadas que arderam", começa por contar à TSF.
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Para esta sexta-feira está a ser convocada uma manifestação geral e Nicolas Garin dá conta dos apelos que se estendem a várias cidades da Catalunha: "Já ouvi falar é que há várias cidades aqui da Zona - Girona, Tàrrega, Tarragona - em que as pessoas se estão a mobilizar para virem para Barcelona no dia 18 de outubro para a grande manifestação".
Sion Serra Lopes, outro português que vive em Barcelona há 15 anos, vê uma cidade dividida: "Tenho amigos independentistas e amigos unionistas. Há pessoas que estão a viver de forma mais intensa o conflito, porque participaram nas manifestações, ou estão a participar nas manifestações, com a expectativa de se poder internacionalizar este conflito, de se poder dar mais visibilidade. Depois há pessoas que não só se mantêm à margem como criticam também todo este movimento, e tendem a exagerar o impacto que possa ter na economia e na coesão social."
Já Sion acredita que faz parte da população que "compreende as reivindicações de ambos os lados, mas que acha que o conflito não é forma de negociar."
A Catalunha vai viver na sexta-feira a quarta greve geral em menos de dois anos associada do processo independentista, uma convocatória com a que culmina uma semana de mobilizações em protesto contra a condenação dos líderes do "procés", que estiveram associadas a distúrbios e subiram a tensão política.
Convocada pelos sindicatos independentistas Intersindical-CSC e Intersindical Alternativa de Catalunya (IAC), a greve porá à prova a capacidade de mobilização do independentismo no mundo laboral, depois de não ter conseguido paralisar a atividade económica noutras ocasiões.
A greve geral, não apoiada pelos sindicatos maioritários (CCOO y UGT), foi convocada por motivos laborais e económicos como a reclamação da derrogação da reforma laboral ou a adoção de um salário mínimo na Catalunha de 1.200 euros, ainda que vá ocorrer juntamente com os protestos contra a sentença do "procés".