Abascal indigna o PSOE ao dizer que, "um dia, o povo vai querer pendurar Sánchez pelos pés"
O líder da extrema-direita fez as declarações ao diário argentino Clarín. O PSOE pede ao PP que desfaça os pactos de governo com o Vox.
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Desde que Pedro Sánchez começou as negociações para ser investido, que Santiago Abascal, líder do partido de extrema direito, tem elevado o tom das críticas ao socialista. Desta vez a polémica estalou do outro lado do Atlântico, com uma entrevista de Abascal ao diário argentino Clarín, onde afirmou que "um dia, o povo vai querer pendurar Pedro Sánchez pelos pés".
O líder do Vox, estava na Argentina para presenciar a tomada de posse do novo presidente Javier Milei e, em entrevista ao diário argentino, usou um tom especialmente bronco para falar do presidente do Governo espanhol.
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"Pedro Sánchez não é nem astuto nem hábil, como as pessoas pensam. U político que não tem escrúpulos tem uma vantagem competitiva em relação aos políticos honrados. (...) Eu tenho princípios que não posso vender. Sánchez não tem nenhum. Um dia, o povo vai querer pendura-lo pelos pés", disse. O líder do Vox foi mesmo mais longe e, utilizando a mesma expressão do líder argentino, afirmou não saber "se chamar canhotos de merda, canalhas ou como classificar" os membros do Governo espanhol.
As declarações foram recolhidas pelos meios de comunicação espanhóis e indignaram o PSOE. Pedro Sánchez disse que as palavras são "extremamente graves" e obedecem a uma tentativa de que "haja um país polarizado e com ódio".
"Abascal não diz isto porque sim, não é um lapso. Quer que hoje estejamos a falar dele. Em Espanha nada se está a romper, não há essa polarização e esse ódio que tenta inocular Abascal", disse o presidente do Governo espanhol. Sánchez chamou ainda a atenção do líder do Partido Popular para as alianças que quer fazer, "porque este ia ser o vice-presidente do seu Governo".
Horas antes, através das redes sociais, vários membros do Governo já tinham pedido ao PP que desfizesse os pactos de governo com o Vox nos vários municípios e regiões autónomas onde governam em coligação. "O que pensa Nuñez Feijóo do seu principal sócio, que quer ver morto o presidente do Governo? Pensa fazer alguma coisa ou vale tudo?", perguntou o porta-voz socialista no Congresso, Patxi López, na rede social "X",
Em declarações à televisão Telecinco, o líder dos populares, Alberto Núñez Feijóo, condenou as palavras de Abascal, mas também responsabilizou Pedro Sánchez.
"Não temos nada a ver com este tipo de declarações, lamentamo-las profundamente", começou por dizer. "Acho que é seguir a estratégia de Pedro Sánchez e do Partido Socialista de dividir Espanha através de um muro construído desde o Governo. Parece ser, que o Vox está interessado em continuar
a construir esse muro. São palavras lamentáveis e acho que não merecem outra consideração que a sua condenação", concluiu.
A polémica surge um dia antes de o Governo levar ao Congresso dos Deputados a lei de amnistia, negociada com os independentistas catalães. Amanhã o projeto de lei começa a ser debatido, num processo que será longo e com muita discussão à volta.