O presidente palestino deixou em aberto a possibilidade de a Fatah optar pela resistência, muito embora o objectivo seja a paz com Israel. Em congresso, Mahmud Abbas admitiu «erros» do movimento, que levaram à perda das eleição e da Faixa de Gaza.
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O presidente palestino garantiu, esta segunda-feira, em Belém, que o seu povo vai procurar a paz com Israel, mas lembrou que a opção de os palestinos continuarem a resistir se mantém como uma opção.
«Embora a paz seja a nossa escolha, reservamo-nos ao direito da resistência legítima dentro do Direito internacional», acrescentou Mahmud Abbas, na abertura da primeira conferência do movimento Fatah em 20 anos.
Segundo oficiais, num documento preparatório, o novo programa da Fatah fala em novas formas de resistência como a desobediência civil contra a expansão de colonatos judeus e o muro que separa Israel da Cisjordânia.
Abbas, que defendeu que nenhuma facção palestina pode decidir por si o tipo de resistência a aplicar, foi ainda claro ao dizer que os palestinos «não vão ficar imóveis perante as incursões israelitas».
No seu discurso, Abbas admitiu que o seu movimento cometeu «erros» que se saldaram pela sua derrota face ao Hamas em Gaza e pela rejeição de algumas opções do movimento por parte do público, tendo exortado a «um novo começo».
Na cidade onde Jesus nasceu, Abbas falou numa «em fraca performance» da Fatah e em «falta de disciplina», o que levou à derrota da Fatah nas legislativas de 2006 e depois à perda da Faixa de Gaza, agora controlada pelo Hamas.
«Perdemos o que restava da Autoridade Palestina mas também resistimos, tomando iniciativas. Preservámos a Autoridade em lugar de deixar toda a ocupação e trabalhámos dia ou noite para restabelecer a segurança na Cisjordânia numa altura em que essa tarefa parecia impossível», acrescentou.
O sucessor de Yasser Arafat na liderança da Fatah frisou ainda que «este congresso deve constituir uma plataforma para um novo começo, consolidando a nossa luta para atingir os nossos principais objectivos: libertação e independência».
O sexto congresso da Fatah desde a sua criação no final dos anos 50, que vai durar três dias, junta 1900 delegados que devem renovar o Comité Central e o Conselho Revolucionário, as principais instâncias do movimento, bem como um novo programa político.
Os preparativos para este congresso ficaram marcados pela recusa do Hamas em autorizar a partida de 400 delegados do movimento em Gaza para o congresso de Belém, que se localiza na Cisjordânia.