O verão passado foi o mais quente dos últimos 27 anos no país.
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Se as temperaturas continuarem a subir, os aborígenes da Austrália temem ser os próximos refugiados do clima. O verão passado foi o mais quente dos últimos 27 anos no país e o povo das primeiras nações tem medo que a região de Alice Springs fique demasiado quente para os humanos.
Durante o verão deste ano, cinco por cento das árvores de Alice Springs morreram. Sem essas sombras, a temperatura aumentou tanto que os termómetros chegaram aos 61 graus.
A história mostra que os aborígenes da Austrália central são muito resistentes, pois conseguiram lidar com o clima desértico ao longo dos anos, mas agora são vários os testemunhos recolhidos pelo jornal The Guardian, a admitir que há limites e que já não conseguem adaptar-se mais ao calor.
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Apesar da escassez da água é comum ver pessoas a lavar os azulejos das casas, numa tentativa desesperada de se refrescarem. Em Alice Springs, onde as casas assam ao sol, o ar condicionado é essencial, não é um luxo.
Pelo menos metade dos habitantes de Alice Springs já ficou algumas vezes sem dinheiro para pagar a eletricidade. Quando a energia é cortada, a comida estraga-se, não se toma banho nem se lava a roupa e dorme-se por turnos, para não se amontoarem todos no canto mais fresco da casa.
A biblioteca da cidade é também um abrigo para novos e velhos. É gratuito, fresco e, para além da leitura, oferece às crianças fruta e sanduíches.
Nessa biblioteca há também televisões e computadores, para entreter os refugiados do calor. No entanto, nem sempre é possível acalmar os moradores da cidade quando circulam na internet tantas imagens e notícias de animais que morrem à sede.
Em janeiro foi por isso que foram abatidos, de emergência, mais de 1400 cavalos, burros e camelos. Para não serem as próximas vítimas do calor, os habitantes de Alice Springs podem ter de emigrar para outra parte do mundo.