Acidente nuclear em Zaporizhia? População discute possibilidade, mas mantém-se "calma"
Os ucranianos não acreditam que os russos queiram explodir a Central Nuclear de Zaporizhia, mas temem acidente "por descuido ou até por confronto militar de parte a parte".
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Os receios de que a Rússia possa estar a tentar provocar um acidente na Central Nuclear de Zaporizhia, no sul do país ucraniano, têm vindo a crescer. O enviado especial da TSF à Ucrânia, André Luís Alves, nota uma preocupação da população em relação a esta possibilidade, mas não ao ponto de os fazer "querer sair da cidade ou de haver um tipo de medo ou de pânico".
No domingo foi anunciado que uma centena de trabalhadores russos da central nuclear ucraniana teria deixado as instalações. O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou recentemente a Rússia de estar a preparar um "ataque terrorista" envolvendo uma fuga radioativa na central ocupada pelas tropas russas.
André Luís Alves, que esteve esta manhã na cidade de Nikopol, a sete quilómetros da central nuclear, afirma que os rumores de um ataque são motivo de conversa entre a população.
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"É de certa maneira unânime que a central estará minada e eles dizem que o problema é precisamente esse", conta o jornalista.
No entanto, a maioria dos ucranianos acredita que a explosão pode ser desencadeada devido ao "controlo remoto muito rudimentar" e não porque os russos a queiram explodir de forma propositada, até porque isso representaria também "um problema para eles e um grave problema para o seu território".
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"A maior parte das pessoas com quem falamos não acredita que os russos realmente a queiram explodir, estão só a fazer chantagem psicológica e a usar isso de uma maneira militar. Mas acham que pode acontecer por um descuido ou até por um confronto militar de parte a parte, que possa espoletar esta reação e depois é difícil pará-la", esclarece.
Segundo o que conseguiu apurar, as tropas russas têm deixado a central, assim como os funcionários ucranianos que lá trabalhavam, que têm sido dispensados nos últimos dias.
"Terão mantido ao mínimo as pessoas fundamentais para o normal funcionamento da central e algumas tropas terão sido mobilizadas para outro local onde a frente de batalha é mais ativa", esclarece.
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Em caso de catástrofe nuclear, a cidade de Nikopol seria a mais afetada, mas a população tem-se mantido "calma".
"Dizem que têm mantimentos em casa, que sabem das precauções e, se acontecer de facto algum acidente, vão ficar em casa fechadas durante 15 dias. Têm alguma noção do que poderá acontecer, mas o que é facto é que ainda estão à volta de pelo menos 130 mil a 160 mil pessoas dentro da cidade e a cidade tem uma via de acesso para sair que é uma ponte e, portanto, parece-me assim um plano que pode resultar num total caos se realmente algum acidente acontecer", avança o jornalista.