O alto-comissário das nações Unidas para os refugiados (ACNUR), António Guterres, alertou hoje em Genebra, no lançamento do Apelo humanitário global para 2015, para a existência de «menos dinheiro, mas mais necessidades» humanitárias no mundo.
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«Temos menos dinheiro para responder a mais necessidades», disse António Guterres, em conferência de imprensa, na qual, acompanhado da responsável pelas operações humanitárias da ONU, Valérie Amos, lançou o apelo humanitário global da organização e seus parceiros para 2015.
A resposta humanitária atual não coincide com as necessidades no terreno, as quais atingiram «níveis sem precedentes», segundo o alto-comissário, para quem «as necessidades humanitárias aumentam exponencialmente, mas os fundos para responder às necessidades não aumentam ao mesmo ritmo».
António Guterres recordou que no ano passado mais de 50 milhões de pessoas foram deslocadas à força, o número mais elevado desde a Segunda Guerra Mundial.
Para o ex-primeiro-ministro de Portugal, a situação é particularmente séria nas «crises esquecidas», como o caso dos refugiados sudaneses no Sudão do Sul.
«Há atenção para o que acontece em Síria, em Iraque, na Ucrânia (...), mas há situações completamente esquecidas (...), os refugiados no Sudão do Sul», disse.
As crises de longa duração devidas a conflitos, catástrofes naturais, incluindo secas e cheias, significam que milhões de pessoas na República Democrática do Congo, Sudão, Afeganistão, Ucrânia e Birmânia vão precisar de uma assistência humanitária em 2015, segundo o ACNUR.
As maiores crises humanitárias - República Centro-Africana, Sudão do Sul, Síria e Iraque - vão requerer, também, uma assistência humanitária importante em 2015, acrescentou.
Este ano, o apelo comporta duas dimensões, uma dimensão humanitária e uma de resiliência, que apela ao apoio dos agentes de desenvolvimento, particularmente nos países que acolhem refugiados em massa.
«Precisamos de aumentar o apelo para doadores tradicionais e não-tradicionais (...) e expandir a nossa base de doadores», indicou Valérie Amos.
O apelo humanitário global de 2015 das Nações Unidas e dos seus parceiros requer 13,38 mil milhões de euros para ajudar 57,5 milhões de pessoas em 22 países.