Ações "criminosas e terroristas". Pelo menos sete mortos e 46 detidos em manifestações na Venezuela
O Presidente reeleito Nicolás Maduro responsabiliza a oposição pelos protestos
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Pelo menos sete pessoas morreram, entre as quais um jovem de 15 anos, nas manifestações, na segunda-feira, na Venezuela, na sequência do anúncio da reeleição do Presidente Nicolás Maduro. A informação é avançada pelo jornal espanhol El Mundo, que cita fontes independentes da Venezuela.
O jornal explica que as forças de segurança e as milícias chavistas dispararam sobre os manifestantes. Durante a madrugada, milhares de venezuelanos saíram à rua para mostrarem o descontentamento perante os resultados eleitorais.
O Presidente Nicolás Maduro fala em ações "criminosas e terroristas" e responsabiliza a oposição por esses acontecimentos.
"Assistimos a uma série de acontecimentos (...) ataques violentos, que podem ser chamados de criminosos, terroristas (...) várias dezenas dessas pessoas foram capturadas em flagrante delito", disse, na segunda-feira, Maduro, proclamado Presidente, para um terceiro mandato consecutivo, pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano.
O líder chavista, no poder desde 2013, indicou que 80% dos detidos "têm antecedentes criminais" e alguns deles foram deportados para o país dos Estados Unidos, mas não forneceu identidades, nem pormenores. Além disso, quase 90% "têm duas características: estão num estado avançado de toxicodependência e estão armados".
"Apelo à mais poderosa reação de repúdio destes atos criminosos, realizados por delinquentes dos 'comanditos'", disse Maduro, referindo-se a grupos de cidadãos ligados à Plataforma Unitária Democrática (PUD), o principal bloco da oposição, que acusou de ter um plano para "desestabilizar novamente a Venezuela".
Entre as ações denunciadas por Maduro, contam-se ataques a "uma centena" das mais de 15.000 assembleias de voto instaladas para as eleições, destruição de "material eleitoral", fogo posto em "gabinetes de presidentes de câmara" e ataques a membros das Forças Armadas Nacionais e agentes da Polícia Nacional Bolivariana (PNB).
Estas acusações das autoridades não foram feitas no domingo, quando garantiram que o dia tinha decorrido sem incidentes.
O governo disse que pelo menos 23 soldados foram feridos, "alguns com armas de fogo, vítimas dos atos violentos" de segunda-feira, quando milhares de venezuelanos saíram às ruas de Caracas e de várias regiões do país para protestar, ações que, em várias delas, foram reprimidas por militares e policiais.
Durante o dia, pelo menos quatro estátuas do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013) foram derrubadas por manifestantes, em repúdio aos resultados oficiais das eleições, anunciados pelo CNE, de acordo com os quais Maduro obteve 51,2% dos votos e o candidato da PUD, Edmundo González Urrutia 44,2%, dados amplamente questionados pela coligação de oposição e grande parte da comunidade internacional.
Na segunda-feira, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou a reeleição de Nicolás Maduro para um terceiro mandato (2025-2031) consecutivo, com 51,2% dos votos.
O principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, obteve 44,2%, de acordo com os dados oficiais divulgados pelo CNE.
A oposição venezuelana reivindica a vitória nas presidenciais de domingo, com 70% dos votos para González Urrutia, afirmou a líder opositora María Corina Machado, recusando reconhecer os resultados proclamados pelo CNE.
Notícia atualizada às 08h40
