Em 1999, Raimundo matou Givaldo numa discussão. Gislayne, filha da vítima com nove anos na altura do crime, entrou no departamento de homicídios e ajudou, aos 34, a deter o acusado
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No dia 16 de fevereiro de 1999, Raimundo Alves Gomes foi ao bar, no bairro de Asa Branca, zona oeste de Boa Vista, capital do estado de Roraima, cobrar uma dívida de 150 reais, cerca de 25 euros ao câmbio de hoje, de Givaldo José Vicente de Deus.
A discussão derivou numa luta corporal e culminou com Raimundo, que estava armado, disparando um tiro que matou Givaldo.
Givaldo deixou cinco filhos, entre os quais Gislayne, então com nove anos.
Raimundo, que só foi condenado em 2013, estava foragido desde então.
Movida por um sentimento de injustiça, Gislayne começou então a estudar para se tornar advogada, o que conseguiu em 2014, mas acabou, sem planear, por ir trabalhar para a polícia, primeiro na penitenciária agrícola de Monte Cristo e depois na delegacia geral de homicídios de Boa Vista.
Na delegacia, ela reuniu informações que levaram à localização e à prisão de Raimundo Alves Gomes, quarta-feira, 25 de setembro, na chácara onde morava no bairro Nova Cidade, não muito longe do local do crime de há 25 anos.
Como o crime só prescrevia em 2031, 16 anos após a condenação, Raimundo acabou detido por companheiros de trabalho de Gislayne.
“Isto não vai trazer o nosso pai de volta mas ele poderá agora cumprir a pena que deveria ter cumprido há muitos anos...”, desabafou a órfã de pai, advogada, polícia e heroína desta história.
