O Ministério dos Negócios Estrangeiros acredita que Portugal vai usufruir de uma "maior abertura do mercado iraniano". O acordo para voos directos entre Lisboa e Teerão está na fase final e há outros pontes que já estão a ser construídas, nomeadamente pela Associação Empresarial de Portugal.
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Depois de uma longa batalha de Barack Obama, o acordo nuclear com o Irão foi aprovado. Um acordo que pode também trazer benefícios para Portugal. No último ano as relações com o governo iraniano intensificaram-se. Para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, "num momento em que se perspectiva o fim das sanções ao Irão e, consequentemente, uma maior abertura do mercado iraniano", os laços diplomáticos mas também económicos dos dois países podem sair reforçados.
Um dos passos, é o acordo para voos directos entre Lisboa e Teerão. Em Novembro do ano passado, os dois governos começaram a preparar este documento. Neste momento faltam só alguns detalhes para que possa avançar. O ministério de Rui Machete lembra que "o Irão é um mercado de cerca de 80 milhões de habitantes" e Portugal quer aumentar as exportações para o país. Para o especialista económico da embaixada iraniana em Portugal, esta linha directa vai beneficiar os dois países, já que "promove as relações entre o Irão e Portugal e facilita o transporte de bens e mercadorias para os parceiros comerciais nos dois países". Além disso, lembra o representante, "os passageiros iranianos que viajam para destinos transatlânticos podem ser uma fonte de lucro para os titulares destes voos directos". Lisboa poderia ser uma ponte para chegar ao continente americano.
Da parte do governo português, são grandes as expectativas. Em resposta à TSF, fonte oficial do Ministério diz que "a existência de voos directos irá ser determinante na promoção do turismo bilateral, contribuindo para a intensificação das relações comerciais, assim como para o desenvolvimento qualitativo e quantitativo das relações bilaterais com o Irão". Para embaixada do Irão em Portugal, o caminho está feito e tudo está a avançar. O especialista em assuntos económicos iraniano recorda que "ambas as embaixadas estão a tentar reforçar esses laços. Num futuro próximo, o Secretário de Estado da Alimentação e Investigação Agro-Alimentar português vai visitar o Irão, com uma delegação técnica e económica".
A companhia aérea escolhida para operar os voos directos entre Lisboa e Teerão foi a EuroAtlantic Airways, que também tem grandes expectativas para este acordo. Até agora, nenhuma seguradora reconhecida pelas entidades reguladoras europeias aceita fazer seguro para estas ligações. Isto porque há uma companhia aérea iraniana envolvida. O Presidente da companhia espera que o levantamento das sanções resolva esta situação.
Também o Presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP) reconhece que o acordo nuclear traz uma nova realidade para o Irão, especialmente em termos económicos. E também por isso de 13 a 17 de Novembro a AEP parte numa missão ao Irão - a quinta. Durante esta visita, a Associação foi convidada a participar num seminário sobre o desenvolvimento económico e as oportunidades de investimento em Teerão. Para Paulo Nunes de Almeida, o Irão apresenta-se com um enorme potencial, especialmente nos sectores dos materiais de construção, maquinaria e ferramentas, novas tecnologias, engenharias, energia e água e também em produtos farmacêuticos e bens alimentares.
Um dos facilitadores para a criação de negócios é precisamente o transporte. O Presidente da AEP considera, por isso, o acordo para voos directos entre Lisboa e Teerão essencial para estreitar ligações entre os dois países. Mas há também o factor histórico. Paulo Nunes de Almeida lembra que as relações entre Portugal e o Irão sempre foram boas. "Houve ao longo dos anos uma relação política que acabou por deixar, comparativamente com outros países, uma marca positiva, que eu acho que também devemos aproveitar", defende, "não é isso que faz os negócios mas muitas das vezes é isso que acaba por abrir as portas para um início de relacionamento".