O Ministério Público japonês pediu hoje penas de cinco anos de prisão para três antigos dirigentes da companhia que explorava a central nuclear de Fukushima, devastada em 2011 por um tsunami, noticiam hoje os media locais.
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Os três arguidos, os únicos a serem julgados no âmbito deste acidente nuclear, são o então presidente do conselho de administração do grupo Tokyo Electric Power (Tepco), Tsunehisa Katsumata (77 anos), e dois antigos vice-diretores-gerais, Sakae Muto (66 anos) e Ichiro Takekuro (71 anos).
Acusados de "negligência que provocou a morte", os três declararam-se inocentes no julgamento.
O acidente nuclear de Fukushima foi o pior depois do da central soviética de Chernobyl (Ucrânia) em 1986.
A acusação diz que os três homens não fizeram o suficiente, tendo em conta o risco de tsunami após o sismo de magnitude 9.
Os procuradores acusam os arguidos de terem tido na sua posse dados que indicavam que a central poderia ser atingida por um tsunami com vagas de mais de 15 metros, suficientemente potentes para provocar uma série de acidentes graves.
"Eles deveriam ter suspendido a atividade da central nuclear" até à ativação de medidas anti-tsunami, nomeadamente a construção de um dique, disseram os procuradores no tribunal de Tóquio, segundo a Jiji Press.
Katsumata declarou no julgamento que não poderia ter previsto o tsunami que devastou a costa nordeste do Japão e submergiu os reatores nucleares em março de 2011.
A catástrofe forçou dezenas de milhares de habitantes a abandonar as suas casas nas proximidades da central.
Muitos deles estão ainda instalados em outras regiões do país e não podem regressar a casa devido ao perigo das radiações.
A acusação contra os dirigentes apoia-se essencialmente na morte de 44 pacientes do hospital de Futaba, a alguns quilómetros da central, durante a sua retirada de urgência.
Os procuradores recusaram por duas vezes avançar com a acusação, argumentando que os elementos de que dispunham eram insuficientes, mas uma reavaliação do caso em 2015 levou a um processo penal.