"Aterrorizada." Mulher que acusa juiz escolhido por Trump testemunha por "dever cívico"
Christine Blasey Ford acusa Brett Kavanaugh de tentar violá-la durante uma festa em 1982, quando ambos frequentavam o ensino secundário.
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É uma audição que promete ficar para a história: Christina Blasey Ford, hoje com 52 anos, deu voz ao depoimento que já tinha revelado acusando Brett Kavanaugh, escolhido por Donald Trump para juiz do Supremo Tribunal, de abuso sexual, quando ambos eram adolescentes.Kavanaugh tem negado categoricamente tais alegações.
"Não é minha responsabilidade decidir se Kavanaugh merece ou não um lugar no Supremo Tribunal. A minha responsabilidade é dizer a verdade", disse perante a Comissão Judicial do Senado norte-americano, responsável pela confirmação de Brett Kavanaugh.
Logo no início da audição, Christina Blasey Ford protagonizou um dos momentos mais marcantes do depoimento quando, de voz embargada, afirmou:"Não estou aqui porque quero estar. Estou aterrorizada. Estou aqui porque acredito que o meu dever cívico é contar-vos o que me aconteceu enquanto eu e Brett Kavanaugh estávamos na escola secundária".
Christina Blasey Ford é hoje professora de psicologia na Universidade de Palo Alto disse que, no verão de 1982, Brett Kavanaugh e um amigo, Mark Judge, ambos embriagados, a tentaram atacar.
"Percebi que me ia violar. Tentei pedir ajuda. E quando comecei a gritar, o Brett colocou uma mão na minha boca para me impedir de gritar. Isso foi o que mais me assustou, o que teve mais impacto na minha vida. Foi muito difícil para mim respirar e pensei mesmo que ele me fosse acidentalmente matar", disse Blasey Ford.
Questionada sobre o silêncio público sobre o assunto durante três décadas, Christine Blasey Ford disse que tentou"ao máximo apagar as memórias do abuso" para não ter "ataques de pânico e ansiedade".
Durante a audição Christina Blasey Ford está a ser interpelada por senadores democratas que estão a elogiar a "coragem" de dar voz às acusações e por Rachel Mitchell, a procuradora escolhida pelos senadores republicanos.
Rachel Mitchell perguntou se Christina Blasey Ford admite a possibilidade de se ter enganado na identidade do seu atacante, mas ouviu como resposta :"Não, absolutamente. Tenho 100% de certeza que foi Kavanaugh".
Brett Kavanagh, o juiz escolhido pelo presidente Donald Trump para ocupar o lugar vago no Supremo Tribunal vai também ser ouvido pela Comissão Judicial do Senado.
O início da audiência de Christine Blasey Ford foi marcado pela intervenção do presidente do Comité Judicial do Senado, o republicano Chuck Grassley, que destacou que tanto a professora universitária como Brett Kavanaugh, e as respetivas famílias, têm vivido "semanas terríveis" e enfrentado "ameaças desprezíveis".
O senador prometeu que a audiência de hoje será pautada por uma atmosfera "segura, confortável e digna".
Numa outra intervenção inicial, a senadora californiana Dianne Feinstein, líder da minoria democrata no Comité Judicial, declarou que as acusações contra Kavanaugh levantam "verdadeiras questões de caráter".
A par de Christine Blasey Ford, pelo menos outras duas mulheres acusaram, até ao momento, Brett Kavanaugh de má conduta sexual.
Em reação, Trump saiu em defesa do juiz Kavanaugh e afirmou que as acusações são "falsas".