A Argentina despediu-se de Cristina Kirchner. As eleições presidenciais deram a vitória a Mauricio Macri. O candidato da direita conservadora quer um país mais feliz.
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Quase 13 milhões de votos deram a vitória a Maurico Macri nas eleições Presidenciais na Argentina. Na segunda volta, Macri conquistou 51,4% dos votos, mais 4 milhões que na primeira volta. Derrotou nas urnas Daniel Scoli, um antigo vice-presidente argentino, governador de Buenos Aires há 8 anos, que teve 48,6% dos votos.
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A vitória, por 3% de diferença, pôs fim a 12 anos de kirchnerismo. Primeiro, foi Nestor Kirchner, depois a mulher, Cristina Fernandez Kirchner.
Mas a vitória de Macri sobre o peronista Daniel Scioli quebra outra marca - é o primeiro Presidente da Argentina, nos últimos 85 anos, a sair do que por cá se chama, o Arco da Governação.
Andrés Malamud, investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, considera que o resultado das eleições Presidenciais representa o fim de uma era para a Argentina, mas avisa também que as mudanças vão ser moderadas.
A vitória do candidato da direita conservadora é uma boa notícia para alguns países da região, como o Chile ou o Uruguai, mas para outros, refere Andrés Malamud, o fim da era Kirchner é uma má notícia, a começar por Nicolas Maduro.
Quem é Mauricio Macri
A madrugada de 24 de agosto de 1991 foi um marco na vida de Mauricio Macri. Foi raptado e esteve em cativeiro durante 14 dias fechado num pequeno caixote de madeira, num bairro pobre de Buenos Aires. Quando foi libertado, duvidou da sua sobrevivência e começou a encarar a vida de outra forma. Era "apenas um engenheiro, pai de três filhos que se ocupava com o seu trabalho e a sua família". É assim que o novo presidente da Argentina se apresenta numa página na Internet.
Mauricio Macri nasceu a 8 de fevereiro de 1959. Filho do empresário Franco Macri, um ícone do capitalismo argentino, no início dos anos 90, e depois de ter estudado Engenharia Civil, Mauricio aventurou-se no mundo do futebol. Tinha pouco mais de 30 anos quando se tornou presidente do Boca Juniors, cargo que ocupou entre 1995 e 2007. Revolucionou a imagem do clube, ganhou títulos, fama e prestígio junto do grande público.
Ao mesmo tempo foi entrando na vida política da Argentina. Em 2003 deu um passo em frente e independente. Criou o seu próprio partido, chamado o "Compromisso pela Mudança". Dois anos depois foi eleito deputado. Em 2007 conseguiu a primeira vitória com mais peso político, quando foi eleito presidente da Câmara Municipal de Buenos Aires, cidade que o viu nascer, sendo reeleito para um segundo mandato, em 2011.
Aos 56 anos, o candidato da direita conservadora chega ao mais alto cargo da Argentina. Durante a campanha uma senhora perguntou a Mauricio Macri por que razão queria ser Presidente. Macri respondeu que está convencido que pode ajudar todos os argentinos a ter uma vida mais feliz. Pode parecer pouco, diz, mas para uma nação é um objetivo ambicioso e poderoso.