Bárbara Friedhoff é música, vive em Portugal há quase quarenta anos e é uma apoiante indefetível de Donald Trump. Abriu as portas de casa à reportagem da TSF e disse o que lhe ia na alma.
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Bárbara toca o Avé Maria de Bach na adaptação que Gounod fez para cordas. Bárbara toca violeta, é reformada da Orquestra Gulbenkian. Está em Portugal há quase quarenta anos. A casa está cheia de música, instrumentos, além de motivos religiosos. Jake, o marido professor de inglês também aposentado, faz tarte de maçã enquanto conversamos com Bárbara, a quem começou por perguntar como e porquê é que convenceria alguém a votar Trump.
"Por muitas razões, muitas razões. Em primeiro lugar, tem de ver aquilo que ele defende e o que fez em apenas quatro anos como presidente: excelente! Um trabalho excelente! Na economia, na liberdade religiosa, voltámos a ter liberdade religiosa que não tínhamos nos anos de Obama. E o seu estilo: é tão positivo, tão otimista... E ama o país, ama a América. Não está a ganhar um cêntimo por ser presidente, está a perder dinheiro. Milhões, provavelmente milhares de milhões de dólares nos seus negócios, ele está a dar tudo o que tem por este trabalho. É SÓ o melhor presidente que já vi, se excetuarmos Ronald Reagan: é um presidente fora de série".
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E se o presidente diz que paga impostos, apesar de não apresentar declarações, não é Bárbara Friedhoff que vai duvidar da palavra do homem que tanto admira: "Tenho a certeza que ele paga impostos, é como em todo o lado, retiram logo dos teus rendimentos... Não podes evitar pagar impostos".
Quando se gosta tanto de um dos candidatos, não há propriamente nada de bom a dizer... do outro: "Joe Biden é alguém que apenas recebe dinheiro do governo, é um típico político de Washington, gosta de lá estar porque é um ótimo emprego; basta estares lá e recebes um monte de dinheiro sem precisar de fazer nada para isso. Atualmente temos o primeiro presidente que trabalha sem parar para o povo americano. Nos seus comícios ele hiperboliza um bocado, exagera bastante; mas temos de ver as coisas em contexto, temos de ver as coisas boas que Trump fez pela América. Antes do vírus claro... e mesmo já durante o vírus, ele conquistou-o, ficou doente e sobreviveu, com o seu poder e vontade".
Outra vez sobre Biden, de quem fala com um quase desprezo: "não consigo perceber como é que alguém poderia gostar de alguém que está tão envolvido em negócios corruptos na China, disse que não sabia nada dos negócios do filho, ele sabe de tudo perfeitamente. Ele tem as mãos metidas em tudo quanto é corrupção com a China, Ucrânia... há tantos escândalos de corrupção ligas a Joe Biden... e ele mente. Não se pode confiar nele, de todo. Nem por sombras".
A violetista nascida e criada em Portland não tem dúvidas sobre o que são as prioridades para escolher um governo e um presidente: "para mim, em primeiríssimo lugar estão os assuntos relacionados com a vida. Algumas pessoas dizem que o aborto é apenas um ponto específico. Pode ser um assunto específico mas é o assunto mais importante. Nunca confiaria num presidente que goza com isso. "Ok, sou pró-escolha e essa é a sua opinião". Não pode ser. E dou-lhe um exemplo: na Alemanha nazi o Hitler foi eleito, teve o apoio das pessoas, fazia os comboios chegarem a tempo, construiu enormes autoestradas... eu vivi e estudei lá: ele construiu teatros, construiu o teatro onde a minha irmã cantou ópera durante toda a vida, ele fez muita coisa mas tinha um pequeno problema, não gostava de judeus. Construiu campos de concentração. Alguém dirá: "isso é apenas um pormenor". É como com o aborto. É o assunto que ultrapassa todos os outros. E Donald Trump desde o dia 1 tem trabalhado para restabelecer os direitos dos não-nascidos e tem feito isso ao longo de toda a sua presidência. É alguém em quem se pode confiar nesses tópicos. Outro assunto em foco nestas eleições é a liberdade religiosa e Kamala, que vai ser presidente mais tarde ou mais cedo - provavelmente mais cedo - vai com certeza pôr uma cruz nos católicos, ela vai atrás de todos aqueles que sejam pró-vida. Eu sou muito pró-vida".
Então e quem vai ganhar? As sondagens não deixam Bárbara muito otimista: "não sei, mas este é um tempo mesmo assustador... a América irá mesmo para a extrema-esquerda se Joe Biden vencer. Será o Cavalo de Troia trazido para a nossa terra para impor o socialismo. É assustador. O nosso país é um país feito de imigrantes a virem para o nosso país, liberdade religiosa e isto será o princípio do fim de tudo isto se ele vencer. É uma eleição muito séria. Já passei por muitas eleições e em muitas não votei, mas desta vez no próprio dia em que o voto chegou no correio, fomos à embaixada votar em Donald J. Trump e surpreende-me que muitos americanos neste país não façam o mesmo e não compreendam o quão importante esta eleição é".
Bárbara, imigrante em Portugal, garante que não é contra a imigração para a América. Nem ela, nem o presidente Trump, assegura: "Eu não sou contra a imigração, sou contra a imigração ilegal. Ele não é contra a imigração, é contra a imigração ilegal. Todos os países são, Portugal também é".
Sentada numa cadeira no pátio da casa nos arredores de Cascais, recorda na entrevista à TSF que também teve de legalizar a sua situação em Portugal e diz que a América não pode ser só fronteiras abertas e tudo gratuito para todos, seria injusto para os americanos: "temos um país, não podemos ter fronteiras abertas com tudo gratuito, educação gratuita, cuidados de saúde gratuitos, temos de ter controlo de fronteiras e as pessoas a pagar ao sistema. Não se pode ter tudo, senão seria injusto para quem já lá vive. Se o fizéssemos, toda a gente ia para lá. A América já é o país para onde toda a gente quer ir".
E o que pensa Bárbara da forma como Donald Trump geriu a pandemia? "Perfeitamente. Como qualquer um faria. Qual é o problema? Quando lhe disseram que o vírus vindo da China estava a entrar e que devia fechar as fronteiras, ele fechou. Fez o que lhe disseram para fazer. E no início havia tanta confusão, ninguém sabia o que estava certo fazer, Joe Biden disse que a culpa não era da China, o presidente fez o que estava certo, fechou o país quando lhe disseram que o devia fazer; tentou ajudar Nova Iorque, mandou navios, ventiladores, tudo o que eles precisavam, mandou tudo o que a cidade de Nova Iorque precisava. Acho que lidou com o problema de uma forma maravilhosa, sabe porquê? Vê-lo na televisão dizer que "tudo vai ficar bem", porque disse para as pessoas não se fecharem em casa e deixarem de ir trabalhar. Temos de voltar à vida normal o mais que for possível. Porque estar fechados também mata as pessoas. Tenho amigos que vivem aqui na vizinhança no Estoril e estão aterrorizados, têm medo de sair de casa, estão tão assustados com o que lhes dizem nas notícias". Mas, claro que admite que o coronavírus "é sério, claro que é uma epidemia horrível". Confia, no entanto, que a vacina vai chegar rápido porque Trump deu ordens para que as empresas trabalhassem rápido para o conseguir. Sobre os planos que os partidos têm para o país, é que não poupa críticas ao Partido Democrata: "não têm nada, não têm nenhuma ideia boa para o futuro. É só ódio em relação a Trump".
Há ou não um problema racial nos Estados Unidos? É nota de discurso de nota desafinada, na pauta da violetista: "não, penso que não. Há muito caos, a polícia tem perdido meios, para aplicar a lei e a ordem." Sobrinha de um polícia (que nunca teve de disparar um tiro) em Portland, Oregon, local onde nasceu o movimento Antifa (Antifascistas), diz ser 100% a favor da polícia e garante que não há um problema estrutural de racismo no país: "Não penso que a América tenha um problema sistémico de racismo. Bem pelo contrário. Os problemas que se veem em Portland, MInneapolis, Seattle, São Francisco são a esquerda, os Antifa e os anarquistas. São os Antifa a tentar arruinar a nossa cultura, porque podem já que são cidades dirigidas por presidentes de câmara fracos. O de Portland tem de partir, tem de ir embora".
Enquanto, de microfone desligado, a TSF conversa com Jake, o marido, sobre o papel dos média nas eleições norte-americanas, Bárbara vai para dentro e toca violeta. O Hino da Alegria, ou Ode à Alegria, poema escrito por Friedrich Schiller em 1785 e tocado no quarto movimento da 9.ª sinfonia de Ludwig van Beethoven, é uma das escolhas. Bárbara não sabe se, depois destas eleições, terá razões para sentir... alegria.