Um número indeterminado de mineiros morreu, esta quinta-feira, quando a polícia abriu fogo contra grevistas armados de catanas e paus num campo nas imediações de uma mina de platina em Marikana, no noroeste da África do Sul.
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Entre os mortos da primeira vaga de confrontos encontravam-se dois polícias, que alegadamente tinham sido atacados por mineiros.
Hoje, com várias estações de televisão a filmarem o dispositivo de segurança, o caos instalou-se repentinamente quando rajadas de metralhadora começaram a ouvir-se. Várias testemunhas afirmaram ter visto pelo menos 12 corpos ensanguentados entre a pequena multidão de mineiros, enquanto o comando das forças policiais alegava que tiros foram disparados pelos mineiros, ou por elementos criminosos infiltrados entre o grupo de grevistas fortemente armado que provocava a força anti-motim presente no local.
Pelo menos uma dezena de ambulâncias tinha já chegado ao local dos confrontos ao fim da tarde, quando o Sol já se punha na localidade de Marikana, e numerosos paramédicos tratavam dos feridos, em número indeterminado.
A greve, considerada ilegal, dura desde a semana passada, levou à paralisação dos trabalhos na mina e provocou já, segundo a administração da Lonmin, uma perda de produção de 15 mil onças de platina. Em consequência, o preço da platina nos mercados mundiais subiu 15 por cento esta semana.
O Sindicato Nacional dos Mineiros (NUM) culpa a Associação dos Mineiros e da Construção (AMCU), um sindicato rival, pelos trágicos incidentes, afirmando que as ações levadas a cabo pelos mineiros filiados na AMCU são realizadas por «elementos criminosos disfarçados de trabalhadores em greve».
Joseph Matunjwa, presidente da AMCU, tinha declarado em Marikana ao princípio do dia de hoje que os mineiros não recuariam nas suas reivindicações nem vacilariam perante as ameaças policiais.