"Agarrados ao telemóvel." Portugueses em Jerusalém "apreensivos" com resposta de Israel ao Irão
David Nora, investigador português que está a fazer um doutoramento em Jerusalém, conta à TSF que o medo é que possa haver ataques ainda mais fortes da parte do Irão nos próximos dias.
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Nervosos e expectantes. É assim que estão os portugueses que vivem em Israel. Tentam perceber quando é que Israel irá responder ao ataque do Irão, depois de o gabinete de guerra israelita ter anunciado que a retaliação será "inevitável", sem, no entanto, ter adiantado mais informações. David Nora, investigador português que está a fazer um doutoramento em Jerusalém, relata à TSF que, agora, o medo é que possa haver ataques ainda mais fortes da parte do Irão nos próximos dias.
"Todas as pessoas neste momento estão 24 sobre 24 horas agarradas ao telemóvel a ver as notícias que circulam. Foi claro para nós que a resposta iria acontecer logo, sabíamos que Israel não seria de ficar quieto. Agora, a nossa questão é como é que vai ser essa resposta. Estamos um pouco apreensivos com essa tomada de decisão porque o segundo ataque do Irão já não vai ser como o primeiro, então temos receio que o dano causado pelo segundo ataque seja maior e que a interceção não seja tão eficaz", conta David Nora.
Depois do início do conflito entre Israel e o Hamas, David decidiu logo que iria deixar definitivamente o país, mas voltou a Jerusalém para arrumar a vida
em malas. Agora receia que o conflito possa atrasar o regresso definitivo a Portugal.
"Eu voltei a Jerusalém com a missão de vir buscar as minhas coisas, de começar a transitar para Portugal de vez e voltar a Israel muito pontualmente", afirma, acrescentando que tem "um voo marcado para dia 28 de abril para Madrid", onde normalmente faz escala. "Estou com medo que, se houver uma retaliação de Israel, a companhia aérea cancele o voo. Se me cancelar o voo, não sei o que fazer, espero que aí a embaixada atue. Se as coisas estiverem como estão até agora, estou confiante de que o voo não seja cancelado e eu possa fazer a minha mudança mais tranquilamente", acrescenta.
Na segunda-feira, o Chefe do Estado-Maior do Exército de Israel, Herzi Halevi, disse que haverá uma "resposta" israelita ao ataque iraniano, mas não acrescentou mais detalhes.
Na noite de sábado, o Irão atacou Israel com cerca de 300 drones e mísseis, a grande maioria dos quais foi intercetada fora do espaço aéreo israelita, como resposta ao bombardeamento do consulado iraniano na Síria, atribuído a Israel, que destruiu o edifício e causou 13 mortos, incluindo dois generais iranianos.
O ataque sem precedentes do Irão a Israel, que provocou ferimentos graves numa pessoa e ligeiros noutras oito, suscitou fortes condenações em todo o mundo e apelos à contenção.
