A justiça austríaca suspeita que a EADS, companhia europeia do ramo aeroespacial, tenha colocado quase cem milhões de euros à disposição de agentes de "lobby" para vender a Viena caças-bombardeiros Eurofighter, noticia esta sexta-feira a revista Format.
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«Partimos do princípio que uma organização criminosa foi criada no seio do consórcio EADS para extorquir fundos às empresas parceiras, através de falsos contratos, com vista a torná-los disponíveis em operações de corrupção», sustenta o Ministério Público num documento citado pela edição digital da revista.
O caso, que já suscitou diversos processos judiciais e uma comissão de inquérito parlamentar, foi relançado pela detenção em Itália de um financeiro.
Em Abril, perante os investigadores transalpinos, Gianfranco Laude afirmou que a EADS (European Aeronautic Defense and Space Company) pagou 84 milhões de euros a uma empresa fictícia, a Vector Aerospace, com o intuito de obter gratificações na Áustria com o contrato dos caças Eurofighter.
Segundo um relatório do Ministério Público austríaco, citado pela revista Format, a EADS colocou cerca de cem milhões de euros à disposição de vários agentes de pressão encarregados de constituir uma rede complexa de empresas fictícias.
«A construção [da rede] tinha como finalidade pagar "luvas" às empresas e aos funcionários», revela um documento judicial, que ordena a escuta telefónica de três agentes de "lobby" entre Junho e Julho.
De acordo com a revista Format, os investigadores reuniram elementos probatórios contra os três suspeitos.
A encomenda inicial de 18 aviões Eurofighter foi reduzida, em 2007, para 15, depois das primeiras suspeitas de corrupção no contrato.