Ajuda à Ucrânia: "Passámos demasiado tempo a discutir decisões que deveriam ter vindo mais cedo"

O Alto Representante da União Europeia para a Política Externa e de Defesa Comum, Josep Borrell apelou esta quarta-feira aos governos europeus para acelerar envio de ajuda militar à Ucrânia, tendo em conta a evolução "preocupante" das tropas russas no território ucraniano.

"A situação militar no terreno é extraordinariamente preocupante. Há mais de 360.000 tropas russas, o dobro das tropas antes da guerra", afirmou Borrell, frisando que "a contraofensiva russa começou, embora em pequena escala, e pela primeira vez, a Ucrânia não tem a vantagem de ter um maior número de tropas no terreno".

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A falar perante os eurodeputados, em Estrasburgo, Borrell não escondeu o tom crítico para dizer que se passou "demasiado tempo" a discutir "se devemos ou não devemos dar os famosos [tanques] Leopard [e] entretanto, a Rússia esteve a preparar a ofensiva".

"Passámos demasiado tempo a discutir decisões que deveriam ter vindo mais cedo", lamentou, sublinhando que "o tempo é crucial e o tempo mede-se em vidas".

Destacando que a ajuda europeia à Ucrânia em apoio apoios financeiros, pacote humanitário e financiamento de todo funcionamento institucional ao longo de 2023 "ultrapassa os 60 mil milhões de euros", Borrell defendeu que deve reforçar-se o apoio no campo militar.

"Para alcançar a paz, precisamos de continuar a apoiar a Ucrânia militarmente mais do que temos feito", defendeu o chefe da diplomacia, prometendo, "em simultâneo", empenhar-se no campo diplomático, sem ilusões "ingénuas".

"É extraordinariamente ingénuo apelar à suspensão da ajuda militar à Ucrânia, para encurtar a guerra e construir a paz mais cedo e digo ingénuo por falta de uma palavra mais forte", afirmou, considerando que "podem fazer-se as duas coisas".

"Deixarmos de apoiar militarmente a Ucrânia, a paz que alcançaremos não será paz. Será uma vitória para a Rússia, o que para nós seria uma ameaça extraordinária à nossa segurança", considerou Borrell, apelando, em jeito de recado, que a Europa deve acelerar a ajuda no campo militar.

"Apelo a todos os países europeus que têm tanques modernos e eficazes, que estão a ganhar pó nas suas casernas e que são inúteis, que os entreguem à Ucrânia e que os entreguem o mais rapidamente possível, porque a guerra será decidida esta primavera e verão", afirmou o chefe da diplomacia da União Europeia.