O braço da al-Qaeda no Iémen, e não o chefe da rede extremista Ayman al-Zawahiri, esteve na origem do plano de atentados contra o ocidente que levou os EUA a lançar um alerta de segurança, noticiou o Wall Street Journal.
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Numa notícia de quinta-feira, o jornal norte-americano, que cita um responsável norte-americano sob anonimato, escreve que o chefe da Al-Qaida na península arábica (Aqpa), Nasser Al-Whaychi, baseado no Iémen, é o cérebro deste plano de ataques.
Al-Zawahiri, número um da al-Qaeda e antigo braço direito de Bin Laden, apenas aprovou a operação iniciada no Iémen, segundo a conversa intercetada pelos serviços secretos norte-americanos entre o líder da rede terrorista e responsáveis da filial.
«O facto de al-Zawahiri dar a sua benção a um projeto é muito diferente de ordenar, ele próprio, o plano ou de ser capaz de lançar um ataque do estilo do 11 de setembro», sublinha aquele responsável citado pelo WSJ.
Na quarta-feira, uma informação avançada pelo site noticioso norte-americano Daily Beast, detido pela revista Newsweek, indicava que o encerramento de embaixadas norte-americanas no Médio Oriente e no norte de África foi decidido após a interceção de uma teleconferência entre o líder da Al-Qaida, Ayman al-Zawahiri, e responsáveis de unidades da rede terrorista.
O papel passivo de al-Zawahiri naquele plano de atentados, a confirmar-se, reforçaria as afirmações do Presidente Barack Obama, que na quarta-feira declarou que "o novo centro da Al-Qaida se encaminha para uma derrota".
Obama apelou, no entanto, a levar "a sério" as recentes ameaças extremistas contra os interesses norte-americanos.
O Iémen afirmou na quarta-feira ter desmantelado um plano da Al-Qaida que visava cidades e instalações petrolíferas e a captura de reféns. O plano foi detetado no sábado, dois dias antes da passagem à ação prevista pelos membros da Al-Qaïda.
O alerta da segurança norte-americano levou no domingo ao encerramento da embaixada norte-americana em Sana e em vários outros países, assim como de missões diplomáticas ocidentais na capital iemenita.
Esta noite os Estados Unidos anunciaram a retirada de parte do pessoal do consulado de Lahore (Paquistão), invocando «ameaças específicas» e advertiram os seus nacionais a evitarem viagens «não-essenciais» para aquele país.
Por sua vez, o ministro do Interior saudita anunciou que dois alegados membros da Al-Qaida, que poderão estar implicados nas ameaças contra as embaixadas ocidentais no Médio Oriente, foram detidos naquele país.
Os dois homens, um iemenita e um chadiano, estavam em contactos com a Aqpa, segundo o ministério.
Por outro lado, ataques de 'drones', atribuídos aos norte-americanos, contra a Al-Qaida na península arábica, multiplicaram-se desde o fim de julho no Iémen e na quinta-feira causaram a morte de 12 alegados membros da mesma rede, em dois ataques distintos.
Quatro outros "membros da Al-Qaida" foram mortos num terceiro ataque de drone na noite de quinta-feira, na mesma zona, segundo fonte militar.
Na semana passada, os Estados Unidos emitiram um alerta mundial a todos os seus cidadãos devido à ameaça de um ataque da Al-Qaida no Médio Oriente ou no Norte de África no mês de agosto.
O alerta foi feito menos de 24 horas depois de o Departamento de Estado norte-americano ter dado instruções a várias das suas embaixadas, nomeadamente naquelas regiões, para permaneceram fechadas durante o dia 04 de agosto (domingo, dia de trabalho normal nos países muçulmanos).
Afeganistão, Arábia Saudita, Argélia, Bangladesh, Egito, Iémen, Iraque, Israel, Kuwait, Líbia e Turquia foram alguns dos países visados.
Nesse domingo, Washington anunciou que algumas representações diplomáticas iam permanecer encerradas até 10 de agosto.
Outros países ocidentais - França, Reino Unido e Alemanha -, decidiram seguir as recomendações norte-americanas e também encerraram as respetivas embaixadas no Iémen.