O chefe da agência de proteção civil reconhece que o país está mal preparado para um conflito e apela a uma atualização urgente dos abrigos da guerra fria
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A Alemanha está a preparar um plano de emergência para alargar a rede de bunkers e abrigos à prova de bomba, perante o receio crescente de que uma guerra alargada na Europa, face ao que considera ser a ameaça russa, anunciou este sábado o presidente da Agência Federal de Proteção Civil e Assistência em Catástrofes.
“Durante muito tempo, houve uma crença generalizada na Alemanha de que a guerra não era um cenário para o qual nos tivéssemos de preparar. Isso mudou. Estamos preocupados com o risco de uma guerra alargada na Europa”, afirmou Ralph Tiesler, numa entrevista ao jornal Süddeutsche Zeitung, citado pelo The Guardian.
O responsável adiantou que um plano global será apresentado no final do verão, mas apelou, desde já, a um esforço nacional para identificar e transformar túneis, estações de metro, garagens subterrâneas, parques de estacionamento e caves de edifícios públicos em abrigos de proteção para “criar rapidamente espaço para um milhão de pessoas”.
Ralph Tiesler apelou ainda aos alemães para que façam um kit de sobrevivência com alimentos suficientes para dez dias.
A invasão da Ucrânia pela Rússia tem causado receios noutros países, especialmente nos Estados bálticos, mas também na Polónia e na Alemanha, de que Moscovo possa abrir novas frentes na Europa.
Dos cerca de dois mil bunkers na Alemanha e das salas de proteção que restam da guerra fria, apenas 580 estão em condições de funcionamento e a maioria precisa de renovações multimilionárias. Além disso, apenas meio por cento da população alemã teria lugar nestes abrigos, ao contrário da Finlândia que conseguiu criar quartos de proteção para 85% dos residentes.
O alargamento da rede de bunkers na Alemanha deverá implicar um investimento de dez mil milhões de euros em quatro anos. Espera-se que o dinheiro seja disponibilizado a partir dos milhares de milhões de euros libertados após o Parlamento ter suspendido o travão da dívida da Alemanha, que permite a realização de grandes despesas nas forças armadas e na Defesa civil.