SPD garante que não fará aliança governamental e extrema-direita promete "marcação" à chanceler. Pode avançar coligação tripartida inédita.
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A chanceler alemã, Angela Merkel, admitiu que esperava "um resultado melhor" nas eleições deste domingo, depois de conseguir a reeleição para um quarto mandato, e prometeu reconquistar o eleitorado do partido da extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD).
"Nós alcançamos o objetivo estratégico", disse Merkel na sede do partido União Democrata Cristã (CDU), em Berlim, referindo que o resultado foi "menos bom" do que esperava, mas que nenhum outro partido, a não ser o seu, poderá tentar formar uma coligação de governo.
O bloco conservador de Merkel ganhou as eleições gerais com 32,7% dos votos, 12 pontos a mais do que os sociais-democratas, de acordo com as primeiras projeções de voto divulgadas pela televisão pública ZDF, enquanto o AfD, de extrema-direita, passou a ser a terceira força política, com 13,4% - a extrema-direira estará no parlamento alemão pela primeira vez desde a II Guerra Mundial.
SPD rejeita aliança
O Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) anunciou que não está disponível para formar um governo de coligação com a CDU de Merkel, terminando assim a coligação que governou o país nos últimos quatro anos.
"Esta tarde termina o trabalho com a CDU e a CSU", os dois partidos conservadores liderados por Merkel e que governavam em coligação com o partido de Martins Schulz desde 2013.
"Nós recebemos um mandato claro dos eleitores para ir para a oposição", disse Schulz, admitindo "um dia difícil e amargo para a social-democracia alemã".
Coligação tripartida inédita?
Referindo-se à entrada da extrema-direita no Parlamento, Schulz disse que é "uma cisão que nenhum democrata pode ignorar".
A ida para a oposição do SPD impede que os nacionalistas da extrema-direita sejam o principal partido da oposição, mas deixa Merkel sem maioria no Bundestag.
Após esta declaração de Schulz, poderá ganhar forma uma coligação tripartida inédita, entre o partido da chanceler Merkel, os Verdes e o FDP.
"Marcação" a Merkel
Numa primeira reação, o partido Alternativa para a Alemanha, de extrema-direita nacionalista e anti-imigração, prometeu "mudar o país" e fazer "marcação" à chanceler.
"Nós vamos mudar o país, vamos fazer marcação à senhora Merkel, vamos recuperar o nosso país", disse Alexander Gauland, um dos cabeças de lista do partido.
Quase 62 milhões de alemães foram chamados às urnas para eleger o próximo governo. As urnas abriram às 08h00 locais (07h00 em Lisboa) e encerraram às 18h00 (17h00).