Os resultados das eleições na Alemanha vistos pela imprensa à volta do mundo.
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"Pesadelo", "consternação", "ponto de viragem histórico. É assim que os meios de comunicação social alemães olham para os resultados das legislativas de domingo, marcadas por um avanço da extrema-direita na Alemanha.
"Uma chapada para [Angela] Merkel, um desastre para [Martin] Schulz, sucesso chocante para a AfD [Alternativa para a Alemanha]: o resultado deste 'voto de fúria' vai mudar profundamente a Alemanha", escreveu o jornal Bild."Uma vitória de pesadelo" para Angela Merkel, resumiu o jornal mais lido na Alemanha.
Já o jornal conservador Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ) destaca a "progressão espetacular dos populistas de direita" que "constitui um ponto de viragem histórico para a vida política alemã".
O Spiegel destacou que "Angela Merkel vai permanecer chanceler, conseguiu o 'objetivo estratégico', mas paga um preço elevado: a coligação governamental foi severamente punida (...) A AfD entra no Bundestag [parlamento] com um resultado superior a 10%".
"Será extremamente difícil formar uma aliança governamental sólida para os próximos quatro anos", concluiu o jornal.
Aos olhos de fora
A imprensa internacional, que esta segunda-feira destaca as eleições alemãs, é praticamente unânime na forma como encara os resultados: Angela Merkel conseguiu o feito de um quarto mandato, mas essa vitória foi ensombrada pela entrada da extrema-direita para o parlamento.
Os britânicos The Guardian e Financial Times dedicam manchetes quase idênticas à reeleição da chanceler alemã, que ocupa também o destaque fotográfico: "Vitória de quarto mandato de Merkel manchada pela ascensão da extrema direita" lê-se nas 'gordas' do primeiro, e "Vitória de quarto mandato de Merkel manchada pela ascensão do AfD de extrema direita", pode ler-se no segundo.
Na mesma linha segue o espanhol El País, que também dá a Merkel a manchete de hoje: "A irrupção da extrema-direita ensombra vitória de Merkel". O jornal norte-americano The New York Times também põe a Alemanha na primeira página, indicando que "Angela Merkel faz história em eleições alemãs, tal como a extrema-direita".
A chanceler alemã venceu as eleições com 33% dos votos, menos que os 41,5% conseguidos há quatro anos. Em segundo lugar, com 20,5%, ficou Partido Social-Democrata (SPD), que já veio dizer que pretende ser oposição.
Em terceiro lugar ficou a AfD, com 12,6% dos votos. O partido, com apenas quatro anos, é o primeiro à direita dos conservadores a entrar no parlamento em 60 anos.
Com a nega do SPD, Merkel tem agora de negociar um acordo entre conservadores, liberais e verdes.