Alerta da NATO para produção de armamento é "constatação de que a guerra está a acelerar"
O major-general Arnaut Moreira diz à TSF que "nada garante que a NATO não venha a ser envolvida nesta guerra".
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Depois do aviso de Jens Stoltenberg de que a produção ocidental de munições não está a acompanhar a necessidade da Ucrânia na guerra, o major-general Arnaut Moreira considera que essa é uma "constatação de que a guerra está a acelerar" e "nada garante que a NATO não venha a ser envolvida".
"Toda esta sua atividade só pode ser entendida como o alerta de que nada garante que a NATO não venha a ser envolvida nesta guerra. Mesmo contrariamente à sua vontade. A NATO não tem nenhuma vontade de entrar no conflito, mas ela pode vir contra a sua vontade a ser chamada a entrar no conflito", diz Arnaut Moreira à TSF.
O major-general explica que é aí que entra o secretário-geral da NATO, já que "é ele que, em tempo de crise, tem de gerir, fazer os anúncios, fazer os pedidos e fazer os alertas para que os países que têm compromissos com a NATO estejam em condições de cumprir esses compromissos".
Ouça os avisos de Arnaut Moreira, em declarações à TSF
"Numa altura de crise como aquela que vivemos, com desenvolvimentos novos todos os dias, com esta nova capacidade ou possibilidade de se abrir uma desestabilização na Moldova, tudo isto tem os ingredientes necessários para que a NATO esteja muito atenta. Ora, estar atento não é apenas do ponto de vista da Intelligence, é estar atento no que diz respeito à sua capacidade de resposta em tempo oportuno", acrescenta.
Para Arnaut Moreira, o aviso do secretário-geral da NATO "é a constatação de que a guerra está a acelerar", tanto na sua "intensidade", como "na rapidez com que estão a chegar elementos novos, sobretudo, meios humanos à guerra, por parte da Federação Russa".
"A resposta ocidental tem também de acelerar os seus processos. E que processos são esses? São processos de dois níveis. Em primeiro lugar, é a aceleração da capacidade industrial de produção de armamento. Essa capacidade estava muito adormecida. É preciso que comece a produzir naquilo que são os enormes consumos que uma guerra de elevada atrição implica. Por outro lado, a questão da entrega do material", refere o major-general.
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O segundo processo é algo para que Arnaut Moreira tem avisado: "Por outro lado, a questão da entrega do material. Já disse várias vezes que acho absolutamente inacreditável o estado a que chegou a manutenção de muitos dos equipamentos militares espalhados nos países europeus. A sua falta de manutenção e de preparação impede a sua entrega em tempo útil. Muitas das questões que estão relacionadas com o atraso do envio destes materiais é porque estão ao ativo, mas não estão operacionais. Portanto, tiveram de sofrer um atraso para os colocar operacionais para poderem ser entregues."
"Isto é preocupante para o secretário-geral da NATO, porque esses são os materiais com que a NATO contaria no caso de ter de intervir", considera.
Jens Stoltenberg apelou a um reforço da produção de munições de grande calibre e, para Arnaut Moreira, o secretário-geral da NATO poderá estar a falar de artilharia.
"Suponho que ele esteja a falar sobretudo das granadas de artilharia, porque todos os consumíveis que a guerra precisa, provavelmente é aquele que é mais fulcral nesta fase do combate. O avanço sucessivo na região de Bakhmut de infantaria apeada por parte da Federação Russa e a sua disponibilidade para aceitar o número de mortos que tiver de haver, significa que a capacidade ucraniana neste momento em artilharia está mais fraca do que aquilo que deveria estar. Nós não sabemos se é por falta de peças ou de munições. Esta preocupação com os consumíveis que são as granadas de artilharias, certamente que está nas prioridades de alerta", acredita o major-general.
Para Arnaut Moreira, os compromissos dos países para com a NATO estão escritos, o importante mesmo é cumpri-los, com destaque para a produção de armamento.