Germano Almeida, autor de quatro livros sobre presidências americanas, faz na TSF uma contagem decrescente para as eleições nos Estados Unidos. Uma crónica com os principais destaques da corrida à Casa Branca para acompanhar todos os dias.
Corpo do artigo
1 - UM CASO SÉRIO DE SOBREVIVÊNCIA. Se há lição que devemos tirar destes cinco anos e meio (ano e meio de campanha e quatro de presidência) é que é sempre imprudente desvalorizar a capacidade de sobrevivência política de Donald Trump. O primeiro debate foi péssimo para o Presidente. Mais do que, na altura, comentadores e os próprios candidatos terão percecionado. Mas os dias seguintes revelaram, em números, uma avaliação muito negativa que parte do eleitorado fez ao comportamento "bully" e de desrespeito por regras básicas. Trump, astuto e hábil, percebeu que perdeu o primeiro debate - e mudou radicalmente a abordagem. Apareceu, no segundo debate, mais civilizado, sem interromper nos dois minutos do adversário, mais focado nos temas e nas ideias e menos no ataque pessoal. Calma: Trump não deixou de ser Trump. Mentiu descaradamente, tentou arrastar o adversário para a lama. Mas, desta vez, sem manchar o debate. A notícia do debate de Nashville é que, ao contrário do que sucedeu em Cleveland no final de setembro, desta vez houve mesmo debate. Trump precisava de ganha largamente e precisava de impor a Biden uma derrota humilhante. Isso não aconteceu. Joe aguentou-se, fez um bom debate no plano dos argumentos, não tão bom do ponto de vista formal. Trump é um animal de palco, um artista da TV. E explorou melhor essas qualidades cénicas. Mas ambos fixaram os seus eleitorados. Donald foi inteligente a fugir do passado recente que o compromete (a pandemia) e a recuar no tempo e falar de um passado que remete para os anos Obama/Biden. Joe focou-se e desmontar o disparate Trump de dizer que com Biden/Kamala a Casa Branca estaria entregue à esquerda radical: "Hey! Está a debater com Joe Biden, não com Bernie Sanders! Gimme a break..." Trump pode recuperar algo do que perdeu nas últimas três semanas e reentrar na disputa da corrida. Biden, que já não tem por onde subir, preocupou-se em segurar ganhos anteriores, em não comprometer. E isso terá ocorrido. Podia ter sido "ko" caso Trump tivesse repetido o erro do primeiro debate. Assim continua tudo em aberto, com clara vantagem Biden na via para os 270 Grandes Eleitores. E é isso que conta.
2 - BARACK E O CARÁTER. Barack Obama, em comício em Filadélfia, Pensilvânia: "Nunca pensei que Donald Trump fosse assumir a minha visão ou a continuidade das minhas políticas, mas tive a esperança de que, em nome do nosso país e dos interesses do nosso país, ele pudesse mostrar algum interesse em levar o seu cargo de forma séria. Mas não aconteceu. Não aconteceu mesmo. Ele não mostrou qualquer interesse em usar o seu trabalho para ajudar alguém que não fosse ele próprio e os amigos (...) Isto não é um "reality show". Isto é a realidade. O caráter conta. Trump tem uma conta secreta num banco chinês. Já viram se fosse eu a ter uma conta secreta num banco chinês e isso fosse revelado quando estava a correr para a reeleição? Já estou a ver o que a FOX diria: ia chamar-me Beijing Barry".
UMA INTERROGAÇÃO: Será que o debate de Nashville vai mudar algo de substancial na dinâmica da corrida?
OS PRESIDENTES DOS EUA ENTRE 1845 E 1861
11 - James Polk (1845-1849) Vice-Presidente: George M. Dallas
Partido: Democrata
Foi "speaker" da Câmara dos Representantes e governador do Tennessee. Teve Jackson como seu padrinho político e foi um dos grandes promotores da democracia jacksoniana.
12 - Zachary Taylor (1849-1850) Vice-Presidente: Millord Fillmore
Partido: Democrático
Foi oficial no Exército e foi major-general na guerra com o México. Não era um político. Chegou à Presidência pelos feitos militares e com uma plataforma de e preservar a União. Morreu ao fim de 15 meses no cargo.
13 - Millard Fillmore (1850-1853) Vice-Presidente: vaga não preenchida durante o mandato
Partido: Whig
Foi congressista pelo Upstate de Nova Iorque. Eleito vice-presidente, viria a assumir a Presidência pela morte de Zachary Taylor.
14 - Franklim Pierce (1853-1857) Vice-Presidente: William R. King
Partido: Democrata
Democrata do Nordeste, via o movimento abolicionista como uma ameaça à União. Assinou o Kansas-Nebraska Act, que reduzia a influência desses movimentos.
15 - James Buchanan (1857-1861) Vice-Presidente: John C. Breckinridge
Partido: Democrata
Advogado e político, foi Secretário de Estado dos EUA na presidência Polk e congressista da Pensilvânia nas duas câmaras do Congresso. Ficou para a história como o Presidente que não conseguiu impedir que o país caísse numa guerra civil, pela fratura entre Norte e Sul sobre a questão da escravatura. Mas tentou reduzir o papel federal no tema.
*autor de quatro livros sobre presidências americanas