Germano Almeida, autor de quatro livros sobre presidências americanas, faz na TSF uma contagem decrescente para as eleições nos Estados Unidos. Uma crónica com os principais destaques da corrida à Casa Branca para acompanhar todos os dias.
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1 - A PROVA BOLTON É IRREFUTÁVEL
Donald Trump "não tem filosofia nem estratégia". "O que viram no debate com Biden, falta de educação e "bullying", era um dia normal no escritório para mim". "Visão do mundo de Trump? Nenhuma. É esse o problema. Trump não quer saber de política nem de conhecimento. Só se preocupa com o benefício pessoal. Se algo não o favorece, perde interesse. Para ele, as relações são transacionais". "Não gosta de ouvir nem ler. Prefere opinar". "Trump é anomalia". "Trump não tem competência para desempenhar o cargo de Presidente dos EUA e isso torna-o muito mais do que um instrumento imperfeito. Trump é um perigo. É uma receita para o desastre". Quem assim fala não é um perigoso esquerdista. Nem é, sequer, um apoiante de Biden. É mesmo John Bolton, ex-Conselheiro de Segurança Nacional da Administração Trump, que chegou a ser um dos homens da confiança do Presidente, em entrevista ao Expresso. Depois de Tillerson, depois de McMaster, depois de Mattis, depois de Kelly, depois de Scaramucci, agora Bolton (que já escreveu um livro arrasador para Trump). A sério que ainda há quem acredite que é Trump que está certo e todos os outros que tão perto com ele lidaram estão errados e a mentir?
2 - ESTARÁ A AMÉRICA NOS PASSOS INICIAIS DA INSURGÊNCIA ARMADA?
Artigo na "Slate", assinado por Fred Kaplan, lança pergunta perturbadora, mas realista, tendo em conta o momento atual. Apoiando-se em David Kilcullen, um dos maiores especialistas mundiais em contra-insurgência, antigo soldado de infantaria do exército australiano e conselheiro do exército americano, a peça da Slate aponta: "A América está a começar a ficar num estado de insurgência incipiente". O estranhíssimo caso do plano abortado para raptar e possivelmente matar a governadora democrata do Michigan, Gretchen Whitmer, defensora de uma estratégia muito mais agressiva no combate ao coronavírus, foi mais um sinal disso. O FBI fez um trabalho cirúrgico de prevenção e desmantelamento da ameaça - e o pior foi evitado. Seis elementos ligados a movimentos de extrema-direita foram detidos. E o que já se soube sobre as investigações aponta para que os indivíduos se tenham sentido legitimados por um tuit de Trump a criticar a estratégia da governadora "Liberate Michigan!". Quando o poder incita a comportamentos que desafiam a lei, quem está nas margens sente-se legitimado. Por enquanto, as autoridades têm mostrado que funcionam. Mas as próximas semanas e meses fazem temer o pior. E Trump até teve o descaramento de dizer que teve o mérito de salvar Gretchen, apropriando-se dos louros da ação do FBI. May God Bless the United States of the America.
UMA INTERROGAÇÃO: Que registo teria um segundo governo Trump, perante a perda quase completa de quadros políticos fortes na sua Administração, durante estes quatro anos?
ESTADOS DECISIVOS
Geórgia: Biden 47-Trump 46 (PPP, 8/9 out)
Texas: Trump 50-Biden 46 (UMass Lowell, 1/2 out)
Pensilvânia: Biden 54-Trump 41 (Quinnipiac, 1/5 out)
Wisconsin: Biden 51-Trump 41 (Redfield & Wilton Strategies, 4 a 7 out)