Germano Almeida, autor de quatro livros sobre presidências americanas, faz na TSF uma contagem decrescente para as eleições nos Estados Unidos. Uma crónica com os principais destaques da corrida à Casa Branca para acompanhar todos os dias.
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1 - PONTO DE NÃO RETORNO. As coisas chegaram a um ponto em que as pessoas já não sabem em que podem acreditar. É o mal de terem permitido a eleição de alguém com Donald Trump. A forma como cresceu a ideia de que toda a questão em torno da infeção do Presidente por Covid-19 poderia ter sido montado por Trump por mero jogo eleitoral deve merecer reflexão. Há pressupostos que não deviam ser postos em causa. Quando a Casa Branca sela uma declaração, com assinatura médica incluída, a dizer que o Presidente está infetado, não era suposto que restassem dúvidas. Mas essa relutância diz muito sobre esta era Trump. É um pouco como a rábula de "Pedro e o Lobo". De tanto mentir, Donald Trump corre o risco de tudo à volta ficar manchado pela dúvida. É o tal ponto de não retorno.
2 - KAMALA VS PENCE A GANHAR IMPORTÂNCIA. Com Trump hospitalizado está criado o cenário de Pence poder ser Presidente temporário. E com Biden a fazer 78 anos daqui a um mês, o risco existe e leva Kamala a ter que ficar sempre preparada para ser Presidente. Para mais, a possibilidade de não haver mais debates entre Trump e Biden faz aumentar expectativa sobre o duelo Kamala vs Pence, esta terça (madrugada de quarta em Portugal continental), na Universidade do Utah. A bola está do lado de Kamala: é mais eloquente, mais agressiva e mais bem preparada. Mas Mike Pence pode ter aqui um palco para sinalizar ao eleitorado conservador que pode vir a ser uma solução à direita para o pós-trumpismo. O debate terá 90 minutos e será moderado pela jornalista Susan Page, 69 anos, chefe do "bureau" de Washington do USA Today.
UMA INTERROGAÇÃO: Quanto vão contar os vice-presidentes?
UMA SONDAGEM: Biden 49-Trump 46 (IBD/TIPP, 30 set/1 out)
*autor de quatro livros sobre presidências americanas