Germano Almeida, autor de quatro livros sobre presidências americanas, faz na TSF uma contagem decrescente para as eleições nos Estados Unidos. Uma crónica com os principais destaques da corrida à Casa Branca para acompanhar todos os dias.
Corpo do artigo
1 - TERRITÓRIO DESCONHECIDO. Vai Trump continuar em condições de exercer a presidência? Vai voltar à campanha? É a primeira vez que vemos Trump numa posição de fragilidade pessoal: poderá alguém com o perfil "bully" dele conseguir gerar compaixão fora da sua tribo? Não sabemos a evolução da doença: se recuperar em duas semanas, debate de dia 15 em risco, provavelmente anulado, mas ainda poderá voltar ao terreno de campanha. Até pode fazer "regresso em grande" e com isso gerar dinâmica otimista. Mas a carga simbólica de ver Trump infetado com aquilo que negou e desvalorizou é tremenda: Trump é agora "um símbolo do seu próprio falhanço". Enquanto isso, Obama deseja-lhe as melhoras e segue a via da mulher Michelle do "when they go low we go high": "Apesar das tensões políticas, somos todos americanos e somos todos humanos". E houve aquele momento bizarro: o de ver Kim Jong-Un desejar as melhoras ao Presidente dos EUA. Biden fica outra vez fora de cena: a emoção está no auge com a dúvida sobre como vai a doença de Trump evoluir. O momento atual volta a pôr Trump a monopolizar atenções e emoções. Impostos, economia, nomeação do Supremo, cumplicidade Trump com movimentos supremacistas brancos... tudo isso ficará abafado. Mas não será bom para Trump que a pandemia volte a ser o ponto dominante. Suprema ironia: afinal o tema não é a saúde de Biden mas de Trump.
2 - ECONOMIA A DESACELERAR RECUPERAÇÃO. A Economia americana criou 660 mil empregos em setembro: é pouco, esperavam-se pelo menos 800 mil; mostra desaceleração no ritmo da recuperação, depois do que se perdeu em março e abril. Maio criou 2,5 milhões; junho 4,8 milhões; julho 1,4 milhões; agosto 1,1 milhão; agora 660 mil em setembro. Em cinco meses foram criados 10,8 milhões de empregos, mas isso é só ainda um terço do que se perdeu entre março e abril.
UMA INTERROGAÇÃO: Quantos novos empregos serão criados até 3 de novembro?
UMA SONDAGEM: Biden 47-Trump 40 (The Hill/HarrisX, 29 set/1 out)
*autor de quatro livros sobre presidências americanas