Germano Almeida, autor de quatro livros sobre presidências americanas, faz na TSF uma contagem decrescente para as eleições nos Estados Unidos. Uma crónica com os principais destaques da corrida à Casa Branca para acompanhar todos os dias.
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1 - A CIÊNCIA APOIA BIDEN E CENSURA TRUMP. MAS SERÁ QUE ISSO CONTA ELEITORALMENTE?
Tendo em conta o que se passou em 2016 (com vários jornais conservadores, republicanos, muito à direita, a declararem apoio a Hillary por considerarem que Trump não honrava o legado do Partido Republicano), é de admitir que uma coisa é o que jornais e revistas endossam, outra é o que se passa nas urnas. Desta vez, a revista "Scientific American" apoia a candidatura de Joe Biden porque Donald Trump rejeita a ciência e teve uma resposta "desonesta e inepta" à pandemia. É a primeira vez em 175 anos que esta revista assume publicamente o apoio a um candidato presidencial na América. Mas será que isso vai contar nos eleitores dos estados decisivos? No editorial em que é feito o "endorsement", escreve-se: "Não o fazemos de ânimo leve. As provas e a ciência mostram que Donald Trump prejudicou gravemente os EUA e o seu povo - porque ele rejeita as evidências e a ciência".
2 -- MEMÓRIA CURTA E COISAS ESSENCIAIS
Nem mesmo a memória curta caracterizadora dos dias que correm, cada vez mais de espuma e menos de substância, nos pode fazer distrair do essencial. "Travel ban" a lançar o caos nos aeroportos durante semanas; saída americana do Acordo de Paris; demissões em barda na Administração (sobretudo de quem é especialmente próximo do Presidente); vassalagem a Putin em Helsínquia; diabolização do Irão e denúncia de acordo nuclear multilateral de que era peça construtiva; guerra comercial com a China baseada em política de tarifas de forma intermitente e errática, a lançar total imprevisibilidade nos mercados, criando com isso risco de recessão; "bullying" aos aliados da NATO, em total desrespeito pela tradição transatlântica; ingratidão com os aliados curdos, chave na equação para derrotar o Daesh, ignorando todos os avisos de conselheiros militares de que ainda é cedo para completar a retirada militar da Síria; ameaça aos supostos amigos europeus de nada fazer para travar o regresso dos combatentes do Daesh, na sequência do avanço turco contra os curdos; incentivo a um Brexit selvagem que colocaria o Reino Unido num caos político, económico e social e agravaria a fragilidade do projeto europeu, por mero egoísmo nacionalista de poder colher para os EUA uma parte do prejuízo da UE; chantagem sobre funcionários e US Officials que foram chamados a depor no Relatório Mueller e poderão ser intimados no "impeachment", em total desrespeito pelas regras de fiscalização e controlo dos diferentes poderes; gestão mentirosa, primeiro negacionista depois apenas incompetente, da pandemia a levar os EUA ao total descontrolo na subida do coronavírus em vários estados, revelando uma inacreditável falta de solidariedade federal (Presidente de União?).
UMA INTERROGAÇÃO: O que está a acontecer ao apoio dos latinos a Joe Biden na Florida?
TRUMP A SUBIR NA FLORIDA E NO ARIZONA / BIDEN ALARGA VANTAGENS NO MIDWEST
FLORIDA: Trump 51/Biden 47 (ABC/WP, 15 a 20 set)
ARIZONA: Trump 49/Biden 48 (ABC/WP, 15 a 20 set)
WISCONSIN: Biden 51/Trump 42 (CNBC/Change Research, 18 a 20 set)
MICHIGAN: Biden 51/Trump 43 (CNBC/Change Research, 18 a 20 set)
PENSILVÂNIA: Biden 49/Trump 45 (CNBC/Change Research, 18 a 20 set)
CAROLINA DO NORTE: Biden 48/Trump 46 (CNBC/Change Research, 18 a 20 set)