Germano Almeida, autor de quatro livros sobre presidências americanas, faz na TSF uma contagem decrescente para as eleições nos Estados Unidos. Uma crónica com os principais destaques da corrida à Casa Branca para acompanhar todos os dias.
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1 - A ALMA DA AMÉRICA
O campo Trump acredita que o atual Presidente representa a "verdadeira América". Joe Biden fala em recuperar a "alma da América". Qual das duas está mais próxima da realidade? A resposta fácil será dizer que ambos os candidatos representam duas Américas reais, muito diferentes e cada vez mais distantes uma da outra. Biden avisa que um segundo mandato Trump agravaria a ferida de modo dramático e irreversível, uma América "ainda mais dividida". Mas... e se Biden ganhar e o campo Trump não aceitar? Qual é mesmo a alma da América neste estranho 2020 e depois de quatro anos de um Presidente divisivo, que ataca governadores em vez de os apoiar só porque são democratas, atira culpas em vez de tentar unir? Já agora: o que diriam os republicanos se fosse um presidente democrata a dizer o que Trump disse dos militares? Tão mal tratada tem andado a alma da América.
2 - "LEI MARCIAL SE TRUMP PERDER", PEDE ROGER STONE
Uma das pessoas mais próximas de Donald Trump é Roger Stone, seu conselheiro de comunicação há três décadas. Stone foi condenado a 40 meses de prisão por ter mentido ao Congresso e por pressão a testemunhas da investigação à interferência russa, mas a pena foi comutada pelo Presidente dos EUA. Ele mesmo, o seu grande amigo Donald Trump. Ora, Roger Stone não o faz por menos: acha que se Trump perder a eleição em novembro deve impor a lei marcial e aproveitar o poder alargado que um quadro desses oferece ao Presidente em funções para pôr na cadeia figuras como Bill e Hillary Clinton e também Mark Zuckerberg. Numa intervenção no programa de Alex Jones, um divulgador de teorias da conspiração que há dois anos foi retirado do Facebook e YouTube, Roger Stone lançou já a teoria da fraude no Nevada: "Os votos no Nevada" (estado que desde 2004 sempre votou democrata) "devem ser apropriados pelos responsáveis federais e serem retirados do estado".
UMA INTERROGAÇÃO: Ainda haverá condições para que o vencedor destas eleições seja clara e pacificamente definido na noite de 3 de novembro?
ESTADOS DECISIVOS
ARIZONA: Biden 49/Trump 40 (NYT/Siena, 11 a 16 set)
CAROLINA DO NORTE: Biden 50/Trump 49 (Emerson College, 16 a 18 set)
WISCONSIN: Biden 48/Trump 43 (Reuters/Ipsos, 11 a 16 set)
FLORIDA: Biden 48/Trump 46 (CBS News/YouGov, 15 a 18 set)
PENSILVÂNIA: Biden 49/Trump 46 (Reuters/Ipsos, 11 a 16 set)
5 notas sobre o atual momento dos estados decisivos:
1 - Biden aparece à frente em 19 das últimas 21 sondagens no Arizona. E tem vindo a aumentar vantagem nas últimas duas semanas
2 - Carolina do Norte em empate quase total, com vantagem ínfima de Biden, que surge à frente, por pouco, em quatro das últimas seis sondagens (as outras duas foram mesmo empate). Trump aparece com +2 em duas sondagens anteriores, mas terá perdido a liderança na Carolina do Norte na última semana
3 - Biden continua claramente à frente no Wisconsin, mas vantagem reduziu ligeiramente nos últimos dias
4 - Últimas seis sondagens na Florida: Biden+2, empate, Biden+3, Biden+5, Biden+3, empate.
5 - Vantagem Biden na Pensilvânia tem vindo a reduzir ligeiramente nos últimos dias.